A possibilidade de oferecer taxas de juros diferenciadas para empresas com maior grau de responsabilidade ambiental e o desenvolvimento de “produtos financeiros verdes” são alguns dos objetivos perseguidos pela reestruturação da área de meio ambiente dentro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A nova modelagem de operação ganhou forma há cerca de dois meses, quando o departamento de meio ambiente – antes inserido na área de planejamento do banco – passou a atuar com total autonomia, sob o status de área. “Quem conhece bem o BNDES sabe o quanto é difícil se criar uma nova área em sua estrutura”, afirmou o diretor de Mercado de Capitais, Meio Ambiente e Capital Empreendedor do BNDES, Eduardo Rath Fingerl. Para tocar as novas atribuições, definidas no final do ano passado, que vão da padronização de exigências ao desenvolvimento de produtos financeiros para o setor, a equipe, antes de 15 pessoas, teve seu contingente multiplicado por cinco. Uma das frentes que estão sendo colocadas em prática pelo banco tem por objetivo aprimorar e padronizar as exigências feitas para a liberação de crédito, o que, no futuro, poderia permitir cobrança diferenciada de taxas de juros de acordo com o comprometimento socioambiental dos projetos a serem financiados. Para este aprimoramento, o BNDES vai produzir 68 manuais setoriais, que servirão de referência para as exigências a serem cumpridas pelas empresas. “A partir deste manual, as exigências do banco serão muito mais criteriosas e específicas”, acrescentou o superintendente da área de Meio Ambiente, Sérgio Werguelin. Os três primeiros guias a serem entregues aos técnicos do banco serão voltados para o setor sucroalcooleiro, pecuária e cultivo de soja, três atividades apontadas como as mais danosas ao meio ambiente. “As análises para enquadramento conti nuarão sendo feitas pela equipe da área de planejamento, mas poderemos prestar consultoria se necessário A nova área, na verdade, terá mais atribuições e, para isso, trabalhará por meio de três frentes”, explicou Rath Fingerl. Outra vertente da nova área cuidará da criação de dois fundos de private equity (capital privado), que terão por objetivo incentivar projetos que gerem créditos de carbono. “Cada fundo receberá R$ 100 milhões do BNDES. Foram escolhidos dois gestores de mercado com experiência nesta área – BRZ, do grupo GP Investimentos, e La Tour Capital -, que terão de formar fundos de, no mínimo, R$ 250 milhões, e, no máximo, R$ 400 milhões”, detalhou Sérgio Werguelin. O terceiro braço de atuação da nova área cuidará da gestão do Fundo Amazônia, iniciativa do governo federal que tem por objetivo reduzir o desmatamento na floresta. O primeiro aporte, no valor de US$ 100 milhões, foi feito pelo governo da Noruega, que se comprometeu em desembolsar até US$ 1 bilhão. “O banco fo i eleito gestor do fundo e pode investir até 20% em biomas fora do País. A ideia é buscar outros investidores, tanto públicos, quanto privados. Se tudo der certo, podemos nos tornar o segundo maior fundo ambiental do mundo, atrás apenas da instituição liderada pelo Bill Gates, que tem recursos de US$ 30 bilhões”, aposta Werguelin.
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