A BM&FBovespa quer aumentar a liquidez de seu mercado futuro de açúcar e desafiar a hegemonia da bolsa de Nova York (ICE Futures US) nas transações dessa commodity.
Em entrevista à imprensa durante seminário em que discutiu as perspectivas para o agronegócio na safra 2012/13, o diretor-presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que a instituição estuda fazer ajustes no contrato do produto e contratar formadores de mercado (corretoras ou bancos que se comprometem a manter ofertas de compra e venda de forma regular e contínua) para fomentar o volume. As novidades serão apresentadas até o terceiro trimestre, prometeu.
“Não podemos correr o risco de que aconteça com o açúcar aquilo que aconteceu com a soja na bolsa de Chicago, onde se formou uma liquidez com a qual não podemos mais concorrer”, afirmou o executivo. Para ele, há um consenso no mercado de que o Brasil pode ser o formador de preços para algumas commodities, sobretudo aquelas com menos liquidez no exterior – caso não só do açúcar, mas também do café (mediante o declínio da produção colombiana) e do etanol. “Acreditamos que temos muito espaço para crescer nesses mercados”, afirmou.
O presidente da bolsa acredita que um dos diferenciais da bolsa paulista é a possibilidade de se fazer a arbitragem dos contratos de açúcar com os de etanol de cana-de-açúcar e de petróleo — em setembro, a bolsa começa a negociar em sua plataforma os contratos de petróleo da CME. “Ficamos com uma matriz de produtos muito interessante”.
No próximo dia 11, a BM&FBovespa começa a negociar os minicontratos de soja da CME. “Já que não conseguimos trazer para cá a liquidez, vamos facilitar o acesso do produtor brasileiro a esse contrato”, justificou. O contrato terá as mesmas especificações do papel negociado em Chicago, com preço em dólar e liquidação em reais.
Edemir Pinto minimizou as intervenções do governo no mercado financeiro com o objetivo de controlar o câmbio. “Isso é normal. O mundo mudou. Desde 2008, todos os países passaram a adotar medidas semelhantes. O importante é que as mudanças se limitem aos novos investimentos e nunca sobre o estoque investido”, declarou.