O acordo operacional entre a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e o CME Group – controlador das Bolsas de Chicago – terá resultados práticos para os negócios com produtos básicos (commodities) agrícolas no segundo semestre deste ano.
A partir de setembro, os derivativos da BM&F serão comercializados por meio da plataforma eletrônica da CME, a Globex, em 80 países. Um mês depois será a vez dos produtos da CME serem negociados por meio da bolsa brasileira.
Edemir Pinto, diretor-geral da instituição paulista, explicou que o Banco BM&F será responsável pela liquidação financeira, ajustes e fechamento do câmbio dos contratos da CME que forem negociados no Brasil.
A bolsa americana, por sua vez, fará operações idênticas quando os contratos da BM&F foram adquiridos por investidores internacionais por meio da Globex.
O acordo operacional é decorrente do contrato de parceria assinado entre as duas bolsas, pelo qual a BM&F passa a deter 2,18% de participação no patrimônio da CME Group, tornando-se o sétimo maior acionista da instituição. Na troca de ações, que envolve investimentos de US$ 700 milhões, o CME Group passa a ter 10% de participação na BM&F.
Etanol
O acerto firmado entre as duas instituições prevê que uma não pode lançar um contrato que esteja sendo negociado pela outra. Edemir Pinto citou como exemplo o etanol.
Pelo acordo, a BM&F fica com a exclusividade para os contratos do álcool fabricado a partir da cana-de-açúcar e a CME mantém para o etanol que tem o milho como matéria-prima. “Se vier a ser criado um novo contrato de álcool, a receita será rateada meio a meio”, disse ele.
Soja
O acordo traz grandes vantagens para o produtor brasileiro, principalmente no caso da soja, cuja precificação é feita na Bolsa de Chicago. A partir do final deste ano, quem opera em Chicago poderá realizar as transações em moeda brasileira e fazer a liquidação financeira no Brasil.
Outro aspecto positivo é que as inovações tecnológicas e a desmutualização (processo para abertura de capital) da BM&F possibilitam que os investidores operem diretamente no mercado, por meio de um roteador de ordem, desde que estejam autorizados por uma corretora. (Venilson Ferreira)