Mercado

Biotecnologia: Clima e emissões, oportunidades para Novozymes

A Novozymes, empresa de biotecnologia com sede na Dinamarca, viveu um de seus melhores momentos em 2008, com crescimento de 13% nas vendas, mas sentiu os efeitos da crise econômica e prevê para 2009 um resultado “levemente positivo”, conforme Thomas Nagy, vice-presidente de relações com a comunidade. Agora a multinacional pretende aproveitar a CoP-15, conferência da ONU de mudanças climáticas em dezembro, em Copenhague, para tornar suas enzimas mais conhecidas e, com isso, atingir a meta de crescer 10% ao ano até 2015.

Nagy esteve em Curitiba esta semana para tratar de projetos em andamento, entre eles o investimento de R$ 2 milhões em um laboratório de pesquisa e desenvolvimento do etanol de segunda geração (produzido a partir de diferentes biomassa).

O executivo explica que a Novozymes está empenhada em apresentar a “tomadores de decisão” dos governos e representan! tes da indústria, antes e durante o evento mundial, o que o uso das enzimas pode fazer para reduzir a emissão de gases-estufa. Também quer mostrar ao consumidor final que a biotecnologia não é algo distante, que já faz parte do dia a dia – está nos alimentos, rações, no detergente que lava a roupa e em outros itens. “Os políticos precisam saber que há solução, só assim podem criar legislação”, diz Nagy.

As enzimas são obtidas por meio de microorganismos, como fungos, leveduras e bactérias. Pelos cálculos da empresa, com as enzimas vendidas no ano passado, 28 milhões de toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas, ou o equivalente ao que é gerado por cinco milhões de veículos.

Na unidade da empresa de Araucária (PR) são feitas enzimas sobretudo para ração e uso em detergentes, além de estudos para o etanol. Nagy cita, como exemplo, que o uso delas em detergentes pode reduzir o consumo de energia, porque dispensa o uso de água quente, como é comum na Europa e nos Estados ! Unidos – mas não o caso do Brasil. “É preciso trabalhar com mudança nos hábitos do consumidor”, afirma Pedro Luiz Fernandes, presidente da Novozymes para a América Latina.

A decisão de investir na apresentação do que faz foi tomada há dois anos. As discussões do CoP-15 são encaradas internamente como oportunidade. Para 2010, outro assunto deve ganhar destaque, porque a empresa marcou para meados do ano a apresentação de um modelo viável para a produção do etanol de segunda geração. Pesquisadores brasileiros estão sendo treinados nos EUA e na Dinamarca.

“Atuamos afirma diz o executivo. Ao todo são 700 diferentes produtos. O etanol responde por 17% do negócio no mundo.