De olho nas oportunidades do processo de busca de novas fontes de energia, o Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA), em Piracicaba, passará a atuar com ações para agregar valor à cana-de-açúcar e a todos os seus subprodutos, atendendo às necessidades do consumo moderno, de forma sustentável e com o mínimo de impacto ambiental. O conceito de Biorefinaria passou a fazer parte do novo plano estratégico do APLA, elaborado no último final de semana durante a Oficina de Planejamento Participativo, com a participação de cerca de 60 pessoas entre representantes de empresas e entidades do setor sucroalcooleiro.
Em um trabalho conjunto entre o Sebrae-SP de Piracicaba e o APLA, a Oficina realizada em São Pedro atraiu, além das empresas locais que atuam no setor sucroalcooleiro, representantes de Sertãozinho e de São Paulo. De acordo com o gerente do Escritório Regional do Sebrae-SP em Piracicaba, Antonio Carlos de Aguiar Ribeiro, a presença de empresas de outras regiões mostra a amplitude do trabalho que o APLA vem promovendo desde a sua criação, em 2003. “É um trabalho conjunto entre entidades e empresários para que todos possam trazer sua visão e participar dos caminhos que serão trilhados pelo APLA nos próximos anos”, enfatiza.
A Biorefinaria é uma planta industrial que integra os processos de conversão de biomassa para produzir combustíveis, produtos químicos de alto valor agregado e energia. Com esse novo conceito de trabalho, além do álcool combustível e do açúcar, a cana pode gerar uma série de produtos, trazendo para a indústria sucroalcooleira outras oportunidades de ganho. Ao se tornar uma biorefinaria a usina agrega ao pólo industrial fábricas capazes de produzir bens a partir de qualquer resíduo, ampliando o potencial para ganhar novos mercados com álcool e subprodutos de cana.
O planejamento estratégico do APLA para o 2009 e 2010 contemplará ações integradas com o governo federal, incluindo a possível participação do APLA no núcleo interministerial formado para tratar desse tema. Ainda esta semana representantes do Ministério do Desenvolvimento e da Agricultura que estarão em Piracicaba para discutir o assunto com representantes do setor.
A nova visão estratégica do APLA é definida pelo diretor do Centro de Tecnologia Canavieira, Tadeu Luiz de Andrade. “Nessa oficina de planejamento, pensamos o Apla dez anos à frente e mudamos o escopo para sair da energia renovável, pensando a organização como um agente para facilitar ou criar condições para seus integrantes participarem do conceito de biorrefinaria. A demanda por energias renováveis faz surgir essa necessidade, a de agregar valor à cana e começar a enxergar a usina como uma unidade que produz várias modalidades de energia e a partir daí cabe ao Apla estimular seus associados a desenvolverem essas tecnologias”, avalia.
Segundo o diretor-técnico do APLA, Pedro Eduardo Pinho de Assis, a entidade atuará como articuladora para que os recursos disponíveis pelas instituições de fomento, como Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cheguem às empresas capazes de gerar pesquisas aplicadas ao mercado. “Temos que estimular ações, identificar os setores potenciais, criar grupos de interesses e ampliar as oportunidades para alavancar os recursos”, defende.
As usinas em Piracicaba respondem por 80% da produção nacional de álcool e cerca de 30% da produção mundial. De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município está na sexta colocação entre os 10 principais municípios produtores de cana-de-açúcar do País, com um total de 3,8 milhões de toneladas de cana.
Sobre o APLA
O APLA reúne 39 empresas que atuam no setor sucroalcooleiro, tanto na área de produtos como serviços e tecnologia. Entre as ações concretizadas nos dois anos de atividades do Arranjo Produtivo Local do Álcool está o convênio com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para a realização de missões internacionais a países com potencial de importação de etanol, de bens de capital, serviços de engenharia e de tecnologias geradas nos institutos de pesquisa e empresas da região.
Também faz parte das ações do APLA a construção do Parque Tecnológico de Bioenergia, um projeto de R$ 500 milhões que será instalado a três quilômetros da cidade, em uma área de 300 mil metros quadrados cedida pela Agua Santa, holding do grupo Cosan, um dos maiores produtores de açúcar e etanol do mundo. O projeto deverá impulsionar e auxiliar as empresas a desenvolverem produtos competitivos no mercado global, estimulando a implantação de centros de pesquisas e incentivando investimentos em empresas de base tecnológica.