O setor sucroalcooleiro tem possibilidade de produzir através de co-geração de biomassa, um volume de energia elétrica equivalente à capacidade de três usinas hidroelétricas de Belo Monte apenas com a cana-de-açúcar existente hoje no País. A informação é de Marcos Jank, presidente da União da Indústria de cana-de-açúcar (Unica), que participou ontem da Conferência Internacional de Biocombustíveis realizada na Faculdade de Engenharia Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).
Jank se referiu à expectativa de que a Usina Belo Monte produzirá, quando terminada, 4.571 Megawatt médios ao longo do ano. “Temos três Belo Montes adormecidas na cana, em seu bagaço e na palha”, disse. Para que este potencial seja plenamente realizado, contudo, o ele vê a necessidade da implementação de políticas públicas que incentivem novos investimentos no setor. “Precisamos de políticas para tributação, financiamento, abastecimento, solução para os problemas de conexão de redes”, disse.
O executivo explica que, com a falta de projetos de construção de usinas, os greenfields, o aumento de energia elétrica de co-geração virá através das operações chamadas de retrofit, ou a troca das atuais caldeiras ineficientes para outras, de capacidade elevada, além do aproveitamento da palha da cana que ficará no campo com a extinção das queimadas. “Os retrofits são mais caros, e o setor poderia ter financiamentos específicos para estas operações considerando que iremos ofertar energia para o sistema”, disse.
Em meados de maio, Jank se encontrou com o ministro das Minas de Energia, Márcio Zimmermann, em Brasília para discutir soluções para estes entraves. Segundo Jank, o setor informou ao ministro que se comprometia a entregar 1.000 MW por ano para o sistema pelo período de 10 anos se houver um conjunto de regulações que garantam investimentos no setor.
Investimentos
Jank acredita que um conjunto de políticas públicas seria importante para criar um ciclo de investimentos que levasse à expansão da produção de etanol para que seja produzido o volume suficiente para atender os mercados interno e externo.
Segundo ele, neste momento, o grande mercado do etanol brasileiro é o interno, que foi criado pelos carros flex a partir de 2003. “Até o final do ano, 50% de nossa frota de veículos já será flex. Cerca de 90% dos carros que estão saindo das montadoras são flex”, disse. Para ele, este fato já limita as exportações de etanol no curto prazo.