Produção de biodiesel levará a inclusão social, elétrica e tecnológica para comunidade no interior de Cuiabá.
A instalação de uma usina de Biodiesel promete mudar a vida dos 4,7 mil habitantes da Comunidade de Guariba, localizada a 1.570 quilômetros de Cuiabá e a 150 quilômetros do município de Colniza, na divisa com Amazonas e Rondônia. Os moradores vivem em condições precárias, pois falta a assistência governamental nas áreas de saúde e educação e não dispõem de saneamento básico e energia elétrica. Mais de 25% das casas são iluminadas com luz de vela e 65% iluminadas com lampião a querosene e diesel.
Mudar essa realidade, fazendo a inclusão social, elétrica e tecnológica daquela comunidade é o objetivo do “Projeto Biodiesel Guariba”, desenvolvido pela Eletronorte em parceria com as áreas de Educação Ambiental, Agronomia, Economia e Química da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Funiselva.
O convênio de cooperação técnica financeira está orçado em R$ 3,16 milhões, sendo R$ 2,8 milhões da Eletronorte, R$ 320 mil da UFMT e os R$ 40 mil restantes da Funiselva. O Projeto está inserido no “Programa Luz para Todos” do governo Federal, que pretende levar energia elétrica até o ano de 2008, a todas as comunidades isoladas que atualmente não são atendidas pela rede convencional.
Com a implantação da Usina de Biodiesel a comunidade de Guariba passará a contar com energia e oportunidades de empregos, com diversas alternativas de renda e perspectivas de autonomia econômica. Além do plantio de sementes de oleaginosas para a produção do biodiesel, a população de Guariba terá como alternativa a fabricação dos subprodutos como fertilizantes, glicerina e ração animal.
Novas tecnologias
O Projeto é simultaneamente um plano de produção de energia para atender a carência da comunidade nesse aspecto como também um piloto para testar as novas tecnologias para produção de biodiesel.
Em Guariba estão sendo utilizadas três rotas tecnológicas para produzir biodiesel e transformá-lo em energia e combustível. O sistema de aquecimento rota básica está sendo desenvolvido pela empresa Tecbio – Tecnologias Bioenergéticas Ltda, do professor Expedito José de Sá Parente, de renome internacional e detentor da patente desse processo que tem eficiência comprovada desde 1980.
O sistema desenvolvido pela Tecbio vem sendo utilizado largamente na região Nordeste do Brasil. Na comunidade, sua produção será de 900 litros de biodiesel por dia, sendo processado em apenas um turno de 8 horas diárias. Esta primeira etapa da usina tem conclusão prevista para o mês de maio.
Os sistemas Multimagnetron – rota ácida, por microondas e o Monomagnetron que utiliza o mesmo processo do anterior, mas com capacidade reduzida, estão sendo desenvolvidos pela UFMT, sob a coordenação do professor Evandro D”Oglio e Paulo Teixeira.
Os três sistemas possuem condições de produzir, juntos, 100 litros de biodiesel por hora. O Tecbio tem uma potência para produzir 900 litros de biodiesel em um turno de 8 horas diárias e os sistemas por microondas têm capacidade para produzir, juntos, 1,6 mil litros de biodiesel por dia.
Custos
O biodiesel produzido por esse sistema alcança alto grau de pureza sem necessidade de filtragem e purificação adicional. Outra vantagem importante é o custo do investimento e dos custos fixos. Segundo estimativa de Wlamir Marques, a implantação de uma usina de biodiesel como a de Guariba custa 50 vezes menos em relação ao que seria gasto para levar energia até lá por meio de linha de transmissão de energia elétrica.
Este sistema está estruturado para atender a demanda de energia da comunidade e de combustível para o processo produtivo, que envolve abastecimento de tratores, veículos de transporte rodoviários e fluviais, bem como os geradores.
A Cemat instalará uma subestação a 50 metros do galpão da usina. São quatro grupos geradores a diesel de 250 kVA ou 1 megawatt de potência, cuja demanda de consumo é estimada em 750 litros diários de biodiesel para abastecer a população com 15 quilowatts/dia por família.
O processo completo com todas as rotas tecnológicas deve entrar em funcionamento em três anos. A operação e manutenção da usina, bem como a comercialização do produto e subprodutos serão entregues à própria comunidade, que será capacitada para o trabalho.