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‘Biodiesel precisa ser um Proálcool melhorado’

O Programa do biodiesel é uma reedição do que foi o Proálcool na década de 70, com a diferença de que hoje temos um grande problema. Embora o programa seja uma necessidade e uma realidade, não sabemos quem vai pagar a conta de tudo isso, se o governo, a iniciativa ou a Petrobras. O biodiesel é questão de tempo, mas precisa possibilitar lucro. Se não proporcionar rentabilidade é obvio que não se desenvolverá.

Esta foi a constatação de Anísio Tormena, o presidente da Alcopar – Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná, na palestra de abertura do Seminário Açúcar e Álcool, promovido pelo IIR – Institute for International Research em 23 de novembro último, no Hotel Atlante Plaza, no Recife. Em sua palestra, Tormena abordou o cenário mundial do mercado de álcool e sua expectativa de crescimento no Brasil.

O Seminário Açúcar e Álcool foi promovido pelo IRR – Institute for International Research e reuniu executivos e especialistas que abordaram assuntos relevantes e atuais que compõem o cenário mundial do setor sucroalcooleiro, como expectativa de crescimento do setor no Brasil, novas fronteiras para a cana-de-açúcar, resultados e perspectivas em relação às exportações e relações de trabalho no setor, entre outros.

O evento – que fez parte da programação de entrega do Prêmio MasterCana Nordeste, realizado no mesmo dia, no Personnalité Recepções, foi marcado pela profundidade e informalidade, por permitir e incentivar a interatividade dos inscritos. Numa destas participações, o empresário Ruy Argeu do Amaral Andrade, diretor da Petrobahia respondeu à pergunta de Tormena. “Até 2007 a Petrobras deve pagar a conta deste investimento. Depois certamente será repassado ao consumidor”, simplificou.

Ruy Andrade teme que o Programa do biodiesel adquira os mesmos defeitos e contradições do Proálcool, especialmente o da não inclusão social. “Este selo social precisa ser impresso no programa do biodiesel a fim de evitarmos o erro do Proálcool, que foi concebido com o selo social mas o perdeu ao longo do tempo e hoje não sobrou quase nada disto”, lembrou.

O consultor e atual secretário geral da Unida – União Nordestina dos Plantadores de Cana, acredita na viabilidade do Programa do Biodiesel. “O Proálcool nasceu de uma vontade obstinada do governo Geisel na década de 70 e isto está se repetindo com o biodiesel, uma vez que o presidente Lula se mostra obstinado em fazer o programa dar certo de qualquer jeito”, observou.