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Biodiesel: falta produção industrial e incentivo, diz pesquisador

A ampliação do uso de biodiesel na matriz energética brasileira, derivada em 43% do petróleo, depende de produção industrial do combustível e de incentivo tributário, analisou hoje o pesquisador do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas da Universidade de São Paulo (USP) Antônio Carlos Batista.

A produção de biodiesel a partir de soja refinada custaria US$ 0,5 por litro sem impostos, calculou Batista, que apresentou palestra hoje no 4º Congresso Sul-Brasileiro da Indústria Automotiva. Se fosse utilizada soja não refinada, o valor cairia para US$ 0,38 por litro. O refino da soja custa entre US$ 120 e US$ 150 por tonelada, explicou o pesquisador. O produto derivado da mamona seria obtido por US$ 1,0/litro (sem impostos). “O álcool custava o equivalente a quatro litros de gasolina quando começou”, comparou.

Ele disse que duas empresas produzem biodiesel comercial atualmente e estimou que o nível de adição do combustível ao óleo diesel não deve chegar a 0,9% até o final do ano. A regulamentação da Agência Nacional do Petróleo para o biodiesel prevê a adição de 2% ao diesel (B2), que se tornará obrigatória em 2008. Para Batista, é viável cumprir o prazo de 2008.

No começo, a cultura mais utilizada deve ser a soja, por causa da grande oferta da oleaginosa, mas depois outras fontes devem fornecer biodiesel, como girassol, dendê e babaçu, projetou ele. A cultura com melhor desempenho na produção de biodiesel é o dendê, com o qual é possível obter 6 mil litros por hectare cultivado, indicou Batista. Com a mamona, é possível produzir entre 1,2 mil e 1,5 mil litros de biodiesel por hectare. O Brasil é um grande importador de dendê, que tem aplicação nas indústrias siderúrgicas, disse Batista.