Os biocombustíveis deverão perder os subsídios governamentais, num momento em que fica cada vez mais caro respaldar o crescimento do setor de combustíveis alternativos, avalia a consultoria Cambridge Energy Research Associates. Os subsídios deverão alcançar 50% do orçamento da União Européia (UE) para a agricultura e 20% de seu total de gastos até 2020, com base nas atuais metas de produção, disse Olivier Abadie, diretor de refino e distribuição de petróleo da Cambridge.
O biodiesel, que responde pela maior parte da produção de biocombustíveis da UE, exige mais subsídios do que combustíveis como o etanol, porque sua matéria-prima é mais cara. “A questão é: será que os orçamentos darão conta disso?”, indaga Abadie, que tem mais de 20 anos de experiência em refino e corretagem de petróleo, em recente seminário realizado em Londres sobre investimentos em biocombustíveis.
A demanda por biocombustíveis produzidos a partir de culturas como o milho, cana-de-açúcar e oleaginosas está crescendo, em meio aos esforços dos países para reduzir sua dependência do petróleo, do gás e do carvão. Alguns governos estão tentando limitar as emissões de dióxido de carbono e dar assistência à produção agrícola.
Os programas de subsídios duram, em média de três a cinco anos na Europa, e nos Estados Unidos eles são reexaminados todos os anos, disse ele. As empresas de petróleo “tendem a operar com períodos referenciais de 30 anos”, disse Abadie. “Em biocombustíveis elas precisam se adaptar a um referencial de tempo diferente, de acordo com o dos agricultores, que operam em base anual.
O crescimento do setor também está sendo atravancado pela disponibilidade limitada de matérias-primas, principalmente para a produção de biodiesel, segundo Abadie. Na Europa, a produção de biodiesel está crescendo 50% ao ano e deverá se expandir para 270.000 barris ao dia até 2010, a partir dos 50.000 barris atuais.
As terras agricultáveis não dão conta de uma produção de mais de 350.000 barris de biodiesel, disse ele. Nos Estados Unidos, o biodiesel é produzido principalmente a partir da canola. Para o etanol, o crescimento da produção estará limitado pela disponibilidade de grãos, cuja produção mundial cresceu 2% desde a década de 1950. A produção de etanol aumentou 14% desde 2000. O volume da produção per capita de grãos caiu em três dos últimos quatro anos e os níveis de produção do ano passado foram os mais baixos dos últimos 30 anos, disse Abadie.
kicker: As petrolíferas que operam com períodos de 30 anos precisam se adaptar ao referencial dos agricultores, que operam em base anual