Um acordo de cooperação na área dos biocombustíveis será o principal documento a ser assinado entre os governos brasileiro e moçambicano durante a visita do presidente Armando Guebuza ao Brasil, segundo uma fonte do Itamaraty. A missão de Moçambique chega nesta terça-feira.
O acordo abrange a cooperação geral na área de combustíveis renováveis, uma das prioridades atuais da política externa brasileira, e prevê a capacitação de técnicos moçambicanos.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem incentivado os países africanos a produzir biocombustíveis, sob o argumento de que poderão provocar um grande impacto social no continente, além de diminuir as emissões de gases dos combustíveis fósseis, causadores do efeito estufa.
Segundo o presidente, o uso crescente de biocombustíveis significará geração de empregos, distribuição de renda, inclusão social e redução da pobreza nos países mais pobres.
Guebuza participa nesta terça-feira à noite de um jantar oferecido pelo governador paulista, José Serra, no Museu Afro-Brasil e na quarta-feira visita uma unidade produtora de biocombustíveis no interior de São Paulo.
O presidente moçambicano também terá encontros com empresários brasileiros na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O acordo sobre biocombustíveis será assinado em Brasília, na quinta-feira, após a reunião dos presidentes dos dois países no Palácio do Planalto.
De acordo com fontes diplomáticas, o documento final do encontro deverá incluir também a cooperação entre os dois países em temas relacionados à Aids e um maior apoio do Brasil para a construção de uma fábrica de anti-retrovirais em Moçambique.
Um estudo detalhado de viabilidade da fábrica, avaliado em US$ 430 mil (R$ 896,5 mil), foi entregue em maio ao governo moçambicano. O trabalho concluiu que é possível instalar a fábrica no país desde que sejam cumpridas algumas premissas, como formação técnica e de gestão.
“O governo moçambicano deve agora dimensionar as suas ambições e decidir se vai construir uma fábrica mais complexa ou mais modesta, ou ainda se vai continuar a importar os medicamentos”, disse a fonte do Itamaraty à Agência Lusa.
Minério
As relações entre os dois países de língua portuguesa foram incrementadas com a entrada da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em Moçambique, em 2004, o que coincidiu com a prioridade dada à África pela política externa do governo Lula.
A CVRD, maior produtora de minério de ferro do mundo, venceu um concurso público em 2004 para a exploração de carvão no complexo de Moatize, região do Vale do Zambeze, um investimento de US$ 870 milhões (R$ 1,7 bilhão). O projeto será implantado e a produção começa já em 2010.
A visita de Guebuza é a segunda de um presidente moçambicano desde o início do governo Lula.
O seu antecessor, Joaquim Chissano, visitou o Brasil em 2004, em retribuição da viagem de Lula a Maputo em 2003.
Além do encontro com o presidente, Guebuza ser reunirá em Brasília com os presidentes do Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça.
O presidente moçambicano também é convidado de honra da celebração do 7 de setembro, da data da independência do Brasil.