A expectativa de alta nos preços do petróleo e a redução nos estoques de biocombustíveis devem proporcionar uma recuperação da indústria de combustíveis limpos nos próximos meses, avalia o banco de investimentos Bank of America – Merrill Lynch.
Um estudo realizado pela instituição mostra que, com os cortes de produção realizados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o mercado de petróleo deve rapidamente retomar seu equilíbrio. “O mercado de gasolina nos Estados Unidos foi o primeiro a reagir e nós acreditamos que o mercado global de óleo cru também já começa a entrar em equilíbrio”, diz a instituição em relatório.
A queda nos preços do petróleo verificada nos últimos meses foi um dos principais fatores que provocaram a redução na demanda por biocombustíveis. Com a gasolina mais barata, os consumidores trocaram os combustíveis limpos pelo derivado de petróleo. As metas de redução na emissão de gases tóxicos, porém, devem fazer com que a procura pelos biocombustíveis volte a subir. A Merrill Lynch destaca que os governos de todo o mundo continuam vendo o biocombustível como uma forma de reduzir a dependência de petróleo, mas pondera ao afirmar que os governos não costumam ser muito felizes na escolha do melhor caminho para a eficiência energética. “Com medidas protecionistas, como a aplicação de taxas e tarifas, qualquer mudança para tecnologias mais eficientes poderá ser lenta. O aumento na capacidade de produção deve ocorrer, mas é improvável nos próximos três anos uma redução na dependência das fontes tradicionais de energia”, avalia o banco.
Nos Estados Unidos, o governo Obama demonstrou interesse pelo assunto ao direcionar 800 milhões de dólares para o desenvolvimento da próxima geração de biocombustíveis. A expectativa é de que a segunda geração de combustíveis limpos represente um significativo aumento na eficiência de produção, representando uma melhora no uso de recursos como água, energia e solo. Até o momento, estima-se que o país tenha investido cerca de 1,5 bilhão de dólares na nova tecnologia, valor considerado baixo em comparação aos investimentos em outras áreas.
Com a fuga de capital do setor, a Merrill Lynch acredita que haverá um segundo round na disputa entre alimentos e combustíveis, que pode acontecer já no próximo ano. “Se os preços do petróleo começarem a se recuperar em 2010, nós poderemos ver uma reprise de 2007 e 2008” , diz. Na visão do banco, as margens de lucro das usinas continuarão fracas até que essa disputa aconteça.