A Butamax, joint venture da petrolífera British Petroleum (BP) com a francesa DuPont, está procurando parcerias para a comercialização da tecnologia de produção do biobutanol — biocombustível em desenvolvimento no País com base na cana-de-açúcar.
As possíveis parceiras da companhia são produtoras de etanol e açúcar. O plano é de iniciar a produção em larga escala em 2013 ou 2014, informa a gerente de Desenvolvimento Comercial da Butamax, Regina Monteiro. Em 2020, a expectativa é de 7,5 bilhões de litros sendo produzidos anualmente.
“Esse é o plano, do ponto de vista comercial. Já estamos conversando com algumas empresas, mas não posso divulgar os nomes”, diz Regina.
A estratégia é oferecer o biobutanol como mais um possível produto no portfólio das companhias. “Na escala industrial, a sinergia é muito grande, então existe a possibilidade de produzir o biobutanol, paralelamente ao etanol , sem grande alteração na infraestrutura.” O biobutanol pode ser produzido a partir de elementos como cana-de-açúcar, milho, trigo e soja. A tecnologia vem sendo trabalhada pela Butamax desde 2004 e a vantagem em relação ao etanol é o maior conteúdo de energia.
“Temos também parcerias nos Estados Unidos para desenvolvimento por meio de microalgas”, diz Regina.
O combustível terá como alvo o mercado externo, ao contrário do etanol, ainda voltado primordialmente para atender o consumo brasileiro. Regina acredita que o produto será comercializado com mais facilidade nos Estados Unidos, Europa e Ásia do que o etanol.
Atualmente, os regulamentos europeus permitem que o biobutanol seja misturado na razão de até 15% à gasolina, enquanto a legislação americana permite 16%. O etanol, por sua vez, tem uma mistura máxima permitida de 10% nestes países.
FACILIDADE. “Do ponto de vista prático, o uso do biobutanol é muito mais barato para países sem o histórico do Bra sil com o etanol”, afirma Regina, se referindo à frota de carros brasileira. No Brasil, 90% dos carros que saem das fábricas vêm com motor flex (que aceita tanto gasolina quanto etanol). Nos Estados Unidos e Europa, o uso de motores bicombustíveis é incipiente.
Outra vantagem do novo combustível é que, ao contrário do álcool produzido a partir do açúcar, o biobutanol pode ser misturado ainda nas refinarias de petróleo e transportado pelos mesmos dutos utilizados para a gasolina, enquanto o etanol exige dutos próprios.
Uma variável que pode ser decisiva na equação do biobutanol é a tarifa a ser imposta à exportação do produto. Atualmente, a principal barreira para a comercialização do etanol nos Estados Unidos é o imposto de US$ 0,15 por litro importado, instituído para a proteção dos fabricantes locais de etanol a partir do milho. A importação para Europa esbarra em taxa similar. Esta tarifa ainda não atinge o biobutanol, ainda que a Butamax acredite ser questão de temp o. “Trabalhamos com uma análise conservadora, que colocaria o biobutanol com a mesma tarifa que o etanol.” Regina não acredita na produção de biobutanol em massa nos Estados Unidos, principal mercado para o produto. O governo local impõe limites à quantidade de milho que pode ser usada na produção de biocombustíveis, alcançados com o processamento de etanol.