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Bill Gates procura uma usina de álcool

O que o homem mais rico do mundo ainda pode querer ser? Se o bilionário em questão for o Bill Gates, a resposta é simples : usineiro. O poderoso fundador da Microsoft, dono de uma fortuna de mais de US$50 bilhões, está á procura de uma usina de cana-de-açúcar no Brasil. Por meio da Pacifc Ethanol, empresa de energia da Califórnia da qual é um dos maiores sócios, Gates deve investir U$200 milhões na aquisição de usinas já existentes ou na construção de novas unidades de produção de açúcar e álcool. As instalações no Brasil vão produzir etanol voltado exclusivamente para exportações para os EUA. Lá, a demanda é de 15 bilhões de litros de álcool combustível por ano. A expectativa, entanto, é que as necessidades dos carrões americanos aumente para 40 bilhões de litros em um prazo de 10 anos.

Além da forte demanda, outro motivo para Pacific Ethanol olhar com interesse para o Brasilé que o etanol americano é extraído do milho, cujo custo de produção é bem mais alto do que o similar de cana-de-açúcar.

Essa face rural de Gates é bem recente. O empresário se tornou sócio da Pacific Ethanol há pouco mais de 2 meses. Em novembro do ano passado, o dono da Microsoft fez um aporte de US$ 84 milhões- via seu fundo de investimento, o Cascade- que vai financiar a construção de uma usina na Costa Oeste, cuja a produção será equivalente a 830 mil barris de petróleo ao ano. Com a nova planta, a Pacific Ethanol deverá se transformar na maior produtora do combustível na região. Hoje, a empresa tem quinze unidades entre usinas, terminais e centros de distribuição. A empresa se encaixa bem no perfil de investimentos do bilionário. O mercado de álcool é um dos mais promissores negócios no planeta. Por conta das disparadas das cotações do petróleo, nações de várias partes do mundo estudam a adição do etanol na mistura com á gasolina. Na Califórnia por exemplo, o álcool é misturado a gasolina proporção de um litro para cada 10 do combustível fóssil. Outro apelo do etanol é justamente seu caráter ecológico. O combustível verde e uma fonte renovável de energia.

Além disso, a produção de milho e a principal fonte de renda de algumas comunidades rurais americanas. Pode parece insignificante mais esse e um detalhe importante para o fundador da Microsoft. Hoje, uma parte nada desprezível do seo tempo e dinheiro e consumido pela Fundação Bill e Melinda Gates, entidade filantrópica que apoia ações em países em pobre. Logo, todo investimento que promova boas práticas sociais e ambientais é bem-vindo.

Mas afinal o que o Bill Gates pode encontrar no Brasil ?

Primeiro, não será tão fácil achar uma boa usina de cana-de-açúcar. No País, o setor sucroalcooleiro está em pelana expansão, movido pelos lucros dos carros bicombustíveis e pela forte valorização do açúcar no mercado global.

Hoje, nada menos que 33 usinas estão em construção no estado de São Paulo. Ou seja, não há nada á venda. É provável que a Pacific Ethanol tente uma associação com um grupo local. O que também não será simples. Nos últimos anos, houve uma forte onda de fusões e aquisições que movimentou o setor. “A Pacific Ethanol sempre quis investir no Brasil, mas não tinha dinheiro”, conta o usineiro Maurílio Biagi Filho, que visitou a concorrente americana, em Fersno.

“Mas agora, com o Bill Gates, ficou tudo bem mais fácil”. A sugestão do produtor de Ribeirão Preto é que a empresa de Gates procure terras mais baratas, como em algumas regiões do Mato Grosso, e que fique bem longe de regiões valorizadas como o oeste paulista.

Outra dica é que a empresa construa sua própria instalação de moagem. “ É possível fazer uma boa usina com R$150 milhões”.

Dinheiro que para o dono da Microsoft não é mais que um troco.