Washington, O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançou esta semana uma iniciativa visando respaldar o consumo de energias renováveis na América Latina, diante da crescente demanda na região de créditos e suporte técnico, depois da alta dos preços do petróleo e do sucesso do etanol no Brasil.
A iniciativa “Energia sustentável e mudanças climáticas” foi lançada em uma reunião de dois dias em Washington, da qual participaram cerca de 400 pessoas da América Latina, Estados Unidos e Europa, explicou Antonio Vives, gerente do departamento de desenvolvimento sustentado do BID.
O projeto “pretende estimular ou desenvolver o interesse nos países para o empreendimento de ações que tendam a tornar mais sustentável o consumo de energia, usando energias renováveis ou eficiência energética com o objetivo de minimizar o impacto que isto possa ter nas mudanças climáticas”, afirmou.
A instituição oferecerá empréstimos e apoio técnico ao setor público e privado da América Latina: “Por exemplo, se quiser construir uma refinaria de etanol, o banco estará em condições de oferecer financiamento para esta finalidade”, ressaltou Vives.
O etanol é precisamente “uma das fontes de energia renovável que estamos dispostos a apoiar, baseando-nos na experiência bem-sucedida do Brasil”, declarou o responsável do BID, que admitiu que vários países da região já haviam manifestado seu interesse. “Temos uma grande demanda de apoio de muitos países para repetir o sucesso do Brasil”, o maior produtor e exportador mundial de etanol combustível, que hoje é utilizado em 80% dos carros novos vendidos neste país”.
“Com os preços atuais do petróleo, muitos países querem poder produzir de algum modo sua própria energia, seja ela hidrelétrica ou térmica”, acrescentou o executivo do banco, que está disposto ainda a financiar a produção de energia eólica, solar e biotérmica. Vives disse, entretanto, que o objetivo da iniciativa do BID não é deixar de consumir hidrocarbonetos ou carvão na América Latina, onde se encontram vários produtores de petróleo como a Venezuela e o México, mas que “pretendemos fazê-lo do modo mais limpo possível”.
De fato, segundo o gerente da instituição, “a América Latina é responsável por uma proporção muito pequena de todos os gases do efeito estufa produzidos no mundo”, muito menos do que os países desenvolvidos, bem como do que a China e a Índia. Esta situação oferece outra oportunidade para a região que poderia aproveitar do “mecanismo de desenvolvimento limpo do Protocolo de Kyoto para obter créditos.