A Cargill e a Maubisa, do usineiro Maurílio Biagi Filho, anunciaram ontem a conclusão das negociações para a transferência de 63% do capital da Central Energética Vale do Sapucaí (Cevasa) para a multinacional americana. Com isso, Biagi transfere a totalidade das ações da Maubisa na Cevasa para a Cargill que constituirá uma joint venture com a Canagril, uma associação de produtores de cana que participa da Cevasa desde 1999, quando a empresa foi constituída.
Maurilio Biagi Filho, presidente da Maubisa, diz que conseguiu, com o negócio, unir três fatores positivos: possibilitar a entrada da Cargill no setor, criar a oportunidade de expansão para os sócios na área agrícola e possibilitar à própria Maubisa buscar novos projetos.
Entretanto, o que hoje é positivo para Biagi, tempo atrás era negativo. Há cerca de um ano, o empresário mostrava preocupação com a tendência de desnacionalização do setor sucroalcooleiro. Para ele, as condições do mercado favoreciam a entrada de multinacionais como a Cargill, que há mais de ano, tenta participar da atividade.
Em março do ano passado, a multinacional, que é uma das maiores traders de açúcar e de álcool no mundo, anunciou a compra da usina Corona, operação que não se concretizou devido ao elevado passivo da empresa, que acabou sendo adquirida pelo grupo Cosan. Desde então, a Cargill vinha pesquisando oportunidades do setor.
A Cevasa foi constituída num dos período mais conturbados do setor, quando a produção e a comercialização de açúcar e álcool foram desregulamentados e o preço do álcool caiu para R$ 0,14 o litro. Desde então, segundo Biagi, a produção da usina foi triplicada e oferece elevada lucratividade. Sua capacidade anual de processamento de cana é de 1,4 milhão de toneladas e de 125 milhões de litros de álcool.