Os dados de agosto da produção industrial em diversas regiões do País, divulgados ontem pelo IBGE, mostram que persistem os efeitos positivos da recuperação do poder de compra da população, em conseqüência da deflação. É isso que explica o crescimento, baseado nos segmentos de bens de consumo duráveis e não-duráveis.
Mas não foi apenas este o aspecto favorável do comportamento da produção física da indústria em agosto. A melhora, generalizada, sugere que há também melhor distribuição regional da renda. Entre as 14 regiões pesquisadas pelo IBGE, 11 mostraram crescimento.
Na comparação com agosto de 2004, destacaram-se os Estados do Amazonas, influenciado pelos segmentos de material eletrônico e equipamentos de comunicação, e o da Bahia, em decorrência do refino de petróleo e da produção de álcool. A produção nos dois Estados cresceu 10,4%.
O desempenho foi razoável também em Estados com maior peso no PIB. Em São Paulo, o aumento da produção industrial, constante há 22 meses, atingiu, em agosto, 4,8% a mais do que em agosto do ano passado. Em Minas Gerais, o avanço foi de 4,7%, liderado por produtos de metalurgia, e, no Rio de Janeiro, de 3,6%, revertendo a tendência negativa observada nos dois meses anteriores.
O Rio cresceu principalmente por causa da extração de petróleo e gás natural, mas, além disso, o conjunto da indústria de transformação voltou a se expandir, mostrando melhora na renda.
Além dos bens de consumo, itens típicos de exportação – como automóveis – também tiveram crescimento, o que, até agora, compensou a queda da renda agrícola.
O desempenho favorável das exportações industriais está sendo impulsionado pela demanda internacional, que pode ser afetada por uma eventual alta dos juros nos EUA. Nessa hipótese, a indústria brasileira dependerá de alguma recuperação da taxa cambial para manter o até agora excelente drive exportador.
Apenas três Estados – Ceará, Paraná e Santa Catarina – apresentaram queda de atividades, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mas, quando se comparam os primeiros oito meses de 2005 com os de 2004, o único indicador negativo vem do Rio Grande do Sul.
Nesse Estado, bem como no Paraná, houve queda na produção de máquinas e equipamentos, em decorrência do enfraquecimento do setor rural. Situação semelhante ocorreu em Santa Catarina, agravada pela queda da produção de vestuário – um dos setores mais afetados pela taxa de câmbio.
A produção industrial costuma atingir seu nível mais elevado entre setembro e novembro, quando se prepara para abastecer o comércio em dezembro.