“O Brasil é pioneiro no desenvolvimento de pesquisas biotecnológicas de cana. A planta transgênica deve ser uma realidade da nossa agricultura no médio prazo”, afirma o pesquisador e professor da Unesp Jaboticabal, Jesus Ferro.
Com mais de 500 milhões de toneladas de cana-de-açúcar produzidas por ano, o Brasil lidera o ranking das exportações de açúcar, sendo responsável por 45% do produto consumido no mundo. O País é também o maior exportador mundial de etanol. Em 2008, esses dois produtos renderam à economia brasileira aproximadamente US$ 7,8 bilhões em divisas, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para Alda Lerayer, Diretora-Executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), a adoção da engenharia genética na agricultura canavieira deve definitivamente consolidar o Brasil como a grande potência do setor sucroalcooleiro. “As vantagens das variedades de cana-de-açúcar GM em pesquisa no País partem do aumento de produtividade e chegam à redução do uso de insumos agrícolas e à preservação ambiental”, destaca.
Ao todo, já são cerca de 50 pedidos de liberação planejada no meio ambiente protocolados na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Entre eles, variedades tolerantes a herbicidas, resistentes a doenças e pragas, tolerantes à seca, com maior teor de sacarose e biomassa e com melhoria de porte da planta. Veja abaixo o que cada uma delas deve oferecer à agricultura brasileira:
Aumento no teor de sacarose e biomassa
O setor sulcroalcooleiro será o maior beneficiado com a chegada de variedades com teor elevado de sacarose e biomassa, devido ao maior potencial da planta para gerar açúcar e energia.
De acordo com Jesus Ferro, esse tipo de cana aumentará a competitividade do País no mercado internacional, além de contribuir para a preservação do meio ambiente. “Ao oferecer mais açúcar e energia, a cana-de-açúcar GM diminui a pressão pelo aumento da área plantada, cooperando para a manutenção das fronteiras agrícolas”, explica.
Tolerância à seca
Áreas onde há restrição hídrica, como o nordeste brasileiro, poderão ter o cultivo de cana-de-açúcar ampliado com a chegada de variedades tolerantes à seca. Entretanto, de acordo com o especialista em melhoramento de cana Sizuo Matsuoka, regiões com escassez de chuvas não serão as únicas beneficiadas com a tecnologia. “Essas variedades também aumentarão a produção em regiões que cultivam largamente a cana, pois haverá melhor aproveitamento da água”, argumenta.
Resistência a doenças e pragas
Variedades que resistem a doenças e pragas comuns na cultura da cana-de-açúcar trarão vantagens econômicas para o agricultor. “A exemplo do milho Bt, esse tipo de cana exige menor uso de insumos agrícolas, como agrodefensivos, água e combustível (utilizado nas máquinas de pulverização)”, esclarece Matsuoka.
Melhoria de porte
De acordo com Jesus Ferro, esse tipo de cana-de-açúcar permitirá ao agricultor aumentar o rendimento na colheita mecanizada, utilizada principalmente em grandes plantações. Ainda não existem máquinas adequadas para colher a cana sem a ocorrência de perda. “A planta tomba ao longo de seu crescimento, prejudicando a eficiência do processo de extração”, explica. “A cana-de-açúcar GM com melhoria de porte oferece plantas mais eretas e resistentes às colheitadeiras”, complementa.
Tolerância a herbicidas
A exemplo da soja, do milho e do algodão, as variedades de cana-de-açúcar tolerantes a herbicidas trarão ganhos econômicos e sociais ao agricultor, e benefícios ao meio ambiente. “Essa característica irá facilitar o manejo da cultura, além de reduzir o uso de herbicidas necessário para o controle de plantas daninhas”, esclarece Ferro. “Isso refletirá não apenas nos custos do agricultor, como também na preservação do solo, que sofrerá menor impacto ambiental”, afirma. As informações são da assessoria de imprensa do Conselho de Informações Sobre Biotecnologia (CIB).