A Bellota, empresa de origem espanhola que fabrica equipamentos para a agricultura e também para a construção civil, quer, na área agrícola, desvincular um pouco sua imagem da agricultura familiar. A companhia pretende intensificar no mercado nacional as vendas de implementos utilizados por produtores maiores no trato de grandes culturas, como a cana.
Com a estratégia, a Bellota não pretende virar as costas para as ferramentas manuais, mais direcionadas para o mercado da agricultura familiar e pelas quais a empresa é mais conhecida – as enxadas lideram as vendas nesse segmento -, mas ampliar suas fontes de receita no país, segundo Marcelo Zenari, diretor de vendas e marketing da empresa. “Queremos tirar um pouco essa imagem de venda de ferramentas para o pequeno agricultor para ganhar mercado em outras áreas”, diz.
Para contrabalançar as vendas de facões utilizados pelos chamados “bóias-frias” no trabalho de corte de cana-de-açúcar, por exemplo, a empresa passará a comercializar novas versões das facas de corte acopladas às máquinas colheitadeiras. Estão em fase de pesquisa também novas versões de discos de roçado utilizados por máquinas de trato da terra voltadas a grandes culturas, como a soja, segundo Zenari.
O crescimento do portfólio da Bellota voltado às grandes culturas não exigirá, no momento, ampliação do parque fabril da empresa no Brasil. “Se uma ampliação for necessária no futuro, temos espaço para isso, mas a ampliação não está nos planos no momento, apesar de a capacidade da fábrica estar bem tomada”, diz. “Não há negócios em vista, mas, no momento, é mais provável uma nova aquisição que uma ampliação”. A fábrica de ferramentas da Bellota fica em Indaial (SC).
Foi por meio de aquisição que a centenária Bellota desembarcou no Brasil, há 11 anos. Na ocasião, a compra foi a da Viat, que ocupava a fábrica no município catarinense. Depois, comprou a Duas Caras, de ferramentas manuais para a agricultura. A unidade de produção da Duas Caras, que ficava em Minas, foi desativada, e a produção passou a ser concentrada em Indaial. Na linha de construção civil, as pás lideram as vendas.
O faturamento de R$ 50 milhões no Brasil a companhia pretende ampliar em 15% neste ano. Metade da receita é obtida com a linha de ferramentas e implementos agrícolas e metade com a de ferramentas para a construção civil. A intenção é manter esse equilíbrio.
A múlti pôs em curso um programa de investimentos em marketing, batizado de Estratégia 360 Graus, como parte desse trabalho. O conjunto de ações consumiu, até agora, cerca de R$ 1 milhão. O trabalho incluiu a criação de uma nova marca para a tradicional Duas Caras, que tem 150 anos de vida.