Os presidentes dos principais bancos centrais do mundo estão preocupados com o impacto inflacionário da produção de etanol no mundo. O Estado obteve com exclusividade documentos da reunião de ontem, do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que, pela primeira vez, incluiu os impactos do biocombustível sobre a inflação, principalmente com produção a partir do milho. A preocupação se insere num dos temas centrais do debate na Basiléia: o risco inflacionário e como evitar que ele se transforme num obstáculo para o crescimento mundial.
Para o BIS, a questão do etanol está se tornando estrutural e terá de entrar nas avaliações de formulação de estratégias macroeconômicas. Isso por causa da maior demanda pelo combustível e à proliferação na produção de milho nos EUA para abastecer as usinas.
Segundo analistas, a produção já está tendo impacto no preço de alimentos e de outras commodities, que sofrem dificuldade para encontrar terras disponíveis para seu cultivo. O milho já teve seu valor dobrado nos últimos 15 meses. Estamos vendo uma mudança permanente nos valores das commodities e os BCs precisam ser vigilantes, disse o presidente do banco central argentino, Martin Redrado.
Segundo o presidente do BC do Chile, Vittorio Corbo, a preocupação inflacionária até pouco tempo se referia apenas à alta de minérios. Hoje, há uma demanda maior por alimentos entre as economias emergentes e uma demanda maior por energia limpa. Apesar do risco de inflação essa demanda pode ser positiva para países exportadores. Em toda a América Latina, estamos vendo uma alta nos preços das commodities. Nosso desafio é usar essa realidade para fortalecer nossas economias, afirmou Corbo.