O deputado federal e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto (PMDB-SP) elogiou ontem a atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio na segunda-feira, com leilão de compra de dólar, e foi mais moderado do que o de costume em relação à condução pelo BC da política monetária.
“O Banco Central agiu corretamente. Há uma supervalorização do real. Não é aquela valorização normal, que aconteceu em todos os países, que na verdade é espelho da desvalorização do dólar.” Ontem o BC voltou a fazer leilão de compra de dólar e a moeda, após o leilão, continuava em leve queda.
Segundo o ex-ministro, a supervalorização do real é causada basicamente pelo diferencial de juros interno e externo. “O BC precisa combater isso e está fazendo do modo correto, está comprando dólar e aumentando as suas reservas.”
Delfim Netto disse que o mercado de câmbio precisa encontrar um ponto de equilíbrio. “É verdade que o câmbio flutuante flutua, mas no Brasil o câmbio ou afunda ou voa. Você precisa de um equilíbrio. Temos o câmbio de maior volatilidade de todos os países emergentes. Não é apenas o câmbio que está supervalorizado, ele tem flutuado enormemente.”
Segundo ele, o BC deve procurar outros mecanismos para atuar no câmbio para manter o ritmo de exportação. “Visivelmente, o ritmo de exportação está em declínio. Porque estamos usando preços para manter o valor, mas isso não é uma coisa permanente.” De acordo com Delfim, o BC poderia continuar comprando reservas e “comprar um pedaço da dívida externa”. Ele admitiu que praticamente não há mais dívida a ser comprada, mas disse que ainda há espaço para isso.
Para o ex-ministro, o resultado da balança só continua bom porque os preços continuam elevados. “Nós estamos surfando numa situação particularmente favorável. A redução da vulnerabilidade brasileira é extraordinária.”