“A cana terá um crescimento acima da média do mercado. É (a cultura) que mais vai puxar as vendas não só neste ano, mas no próximo também”, disse o vice-presidente para proteção de cultivos da Basf, Maurício Russomanno.
O executivo explica que o setor vem reforçando os investimentos em tecnologia, com manejo e prevenção às pragas e doenças, na tentativa de compensar os baixos níveis de produtividade registrados na temporada.
O clima desfavorável no período de desenvolvimento das lavouras de cana provocou perdas de 18% nos níveis de produtividade desde o início da safra, em 1º de abril, até setembro. A retração em rendimento e produção, estimada pela associação da indúst ria de cana, Unica, em 8,4% na atual temporada 2011/12, ocorre em momento de firme demanda por etanol e açúcar nos mercados interno e externo, respectivamente.
“O setor de cana foi muito abalado pela crise em 2008/09, o crédito secou e as indústrias não conseguiram financiar a ampliação das áreas e nem novos projetos. O resultado a gente vê agora (com a produção menor)”, observou.
Russomano prevê que o crescimento deste ano se estenda para 2012, uma vez que a demanda por açúcar segue firme no mundo e diante da necessidade de mais etanol no mercado interno, enquanto a indústria não tem conseguido acompanhar este ritmo.
O aperto na oferta de etanol vem obrigando o Brasil a recorrer ao mercado externo. A Unica estima que as importações deste ano podem supera 1 bilhão de l, disparado ante os 78 milhões de l da temporada anterior.
“As usinas correm para plantar mais e renovar os canaviais porque os mais velhos estão produzindo menos. Eles precisam melhorar a produção”, acrescentou. Estimativa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), com base no desempenho recente do segmento, indicam que as vendas de defensivos têm potencial para encerrar 2011 em até US$ 850 milhões, contra os US$ 706 milhões apurados no ano passado.
Em 2009, ano em que o setor ainda sentia os efeitos da crise econômica deflagrada no ano anterior, as vendas de defensivos para o segmento cana totalizaram US$ 541 milhões, ainda de acordo com levantamento do Sindag. “O crescimento na cana deve mesmo ser maior, em torno de 20%, sendo conservador, contra uma expectativa de 10% em todo o mercado de defensivos”, disse Ivan Sampaio, gerente de informação do Sindag. O Sindag prevê vendas recordes de defensivos neste ano, podendo superar US$ 8 bilhões.
Grãos
A expectativa também é positiva para o setor de grãos. “Apesar da cambaleada recente, os preços seguem acima da média histórica. A perspectiva é boa (em rentabilidade), com uma tendência de expansão de área e melhoria das tecnologias”, disse Russomano.
O Brasil é o principal mercado no mundo em agricultura para a Basf, que mantém uma estratégia global de crescer entre 2% e 3% acima da média do mercado. Com esta meta definida, a companhia vem apostando em tecnologia e no aumento de participação em áreas na qual ainda tem peso menor.
Russomanno disse que a Basf planeja colocar no mercado 50 produtos até 2020 e se prepara para o lançamento em escala comercial para uso no ano-safra 2011/13 a primeira soja transgênica brasileira, produzida em parceria com a Embrapa.
A meta da companhia com esta nova semente geneticamente modificada é atingir 20% do mercado de soja transgênica em um prazo de cinco anos. “Para além dos produtos para proteção de cultivo, nosso segundo pilar é a biotecnologia, trabalhar com o desenvolvimento genético”, acrescentou.