Em entrevista à colunista Eliane Cantanhêde, publicada na edição deste domingo da Folha (disponível para assinantes UOL e do jornal), o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse que as divergências estão na ampliação da presença militar na Colômbia, no insucesso da Rodada Doha de negociação comercial e no recuo da intenção de rever as tarifas para o etanol.
Entenda o que é a Rodada Doha
O chanceler brasileiro se queixou de o Brasil não ter sido avisado sobre a intenção dos EUA de ampliarem a presença militar na Colômbia sem aviso prévio e disse “compreender as preocupações” da Venezuela.
Sobre o etanol, o ministro disse que é “um ponto fundamental” nas relações comerciais com os EUA. E afirmou estar “cético” quanto ao desfecho da Rodada Doha.
Recuo
Nesta sexta (30), após ser pressionada por um senador republicano da bancada agrícola, que ameaçava atrasar a confirmação do novo embaixador dos Estados Unidos para o Brasil, a Casa Branca recuou de sua posição de questionamento em relação à tarifa que o país impõe atualmente ao etanol brasileiro, de US$ 0,54 por galão (cerca de R$ 0,27 por litro).
Em comunicado, o setor de imprensa do governo de Barack Obama diz que a administração atual não tem planos de mudar a política em relação ao setor. É que, durante sua audiência de confirmação no Senado, em 8 de julho, Thomas Shannon, atual número 1 do Departamento de Estado para a América Latina e indicado para a Embaixada no Brasil, havia dito que o fim da tarifa seria “benéfico” para os dois países.
A declaração havia levantado a ira de Charles Grassley, do Iowa, que defende os interesses dos produtores de etanol de milho norte-americanos, dependentes do subsídio do governo para sobreviver.
O senador republicano mandou carta ao governo democrata em que dizia que usaria um recurso para obstruir a confirmação de Shannon enquanto não ficasse clara qual era a posição da Casa Branca em relação ao assunto.
Em texto, divulgado na última terça-feira (28), o governo americano recuou: “Biocombustíveis são uma importante fonte de energia renovável, que vão ajudar a diversificar nossa matriz energética e reduzir nossa dependência do petróleo importado. Quanto à tarifa dos EUA sobre o etanol brasileiro, o governo não tem planos de mudá-la.”
Fora da bancada agrícola, a sobretaxa é criticada quase unanimemente, por perpetuar um setor que produz etanol considerado de mais baixa qualidade e eficácia que o brasileiro e incapaz de ampliar o mercado para nos EUA. Mas Grassley é peça-chave no jogo político para aprovação da reforma de saúde de Obama.