Mercado

Barreiras ao etanol do Brasil

Os Estados Unidos querem criar barreiras para o etanol brasileiro. Uma proposta que circula no Congresso dos EUA, causou apreensão entre os produtores na semana passada. Isso porque há boas chances de aprovação da medida e a mesma, na prática, pretende dobrar a tarifa de importação do país para o etanol do Brasil. A nova legislação é um forte revés para os fabricantes brasileiros que esperavam pelo fim do programa americano de subsídios ao etanol, previsto para ocorrer em três semanas.

Se a proposta vingar, os brasileiros prometem abrir um processo contra os EUA na Organização Mundial de Comércio (OMC). Nos primeiros dias do mês, o senador democrata Max Baccus, presidente do comitê de Finanças do Senado americano, propôs renovar por mais um ano o programa de apoio ao etanol, reduzindo os subsídios aos distribuidores de combustível para adicionar etanol à gasolina dos atuais US$ 0,45 por galão para US$ 0,36.

Com a redução, as despesas dos EUA com esses subsídios diminuiriam de US$ 6 bilhões por ano para US$ 3,6 bilhões. A tarifa de importação cobrada para o etanol brasileiro, no entanto, seria mantida em US$ 0,54 por galão.

Como o subsídio vale para qualquer tipo de etanol, nacional ou importado, ao reduzir o subsídio sem mexer na tarifa, o Congresso americano está, na prática, aumentando a diferença entre o preço do etanol brasileiro e o americano. Hoje, a diferença entre o subsídio e a tarifa de importação é de US$ 0,09. Depois das mudanças, aumentaria para US$ 0,18 – ou seja, vai dobrar, o que desestimulará a importação do etanol do Brasil.

Segundo o representante da União da Indústria Canavieira (Unica) o Brasil tem que pressionar para evitar que essa distorção continue. “Temos uma chance, mas é necessário pressão de todos os lados”, disse.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também alertou sobre o aumento das barreiras dos EUA à importação de etanol. “Esse projeto prejudica os exportadores de etanol, em especial os brasileiros, porque aumenta a preferência do etanol norte -americano sobre o importado”, advertiu a CNI, durante reunião do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (CEBEU).

APOSTA NO AÇUCAR Na semana passada, o mercado do açúcar voltou a apresentar alta, depois de uma pequena queda que movimentou o setor, causando alvoroço entre produtores, distribuidores e indústrias consumidoras e investidores.

Foi a segunda alta consecutiva na Bolsa de Nova York. A notícia é vista como boa para este último mês do ano, que guarda expectativas diferentes para 2011. “Com a perspectiva cada vez mais plausível de problemas na produção do Brasil. Ou seja, podemos ver, já na próxima safra, uma quantidade de cana a ser produzida que pode não atender o potencial de demanda. E isso reflete diretamente nos preços”, comenta Arnaldo Luiz Corrêa, gestor de riscos e diretor da Archer Consulting.

PRODUTOS LÁCTEOS

O Grupo Mercado Comum (GMC) do Mercosul aprovou, na semana passada, a prorrogação para 30 de dezembro de 2012 da Tarifa Externa Comum de 28% para produtos lácteos, segundo o Ministério da Agricultura. A alíquota é aplicada sobre leite em pó, queijo, soro e outros derivados de leite importados de países de fora do bloco. A tarifa, que valeria até 30 de dezembro de 2011, já foi autorizada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). A medida visa proteger o mercado dos pequenos produtores brasileiros.