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Barragens e variedades resistentes à seca são necessárias

Ao mesmo tempo em que os problemas causados pela forte seca que atinge o Nordeste brasileiro são apontados, soluções também são elaboradas. A estiagem tem tirado o sono dos produtores de cana-de-açúcar, que ano a ano, observam uma queda cada vez mais acentuada na produção (veja quadro comparativo nesta página)

Para o presidente da Unida — União Nordestina dos Produtores de Cana, Alexandre Andrade Lima, três ações podem amenizar os problemas da região. “Políticas públicas de médio e longo prazo, construção de pequenas barragens para irrigação, e uma variedade resistência à seca, se possível uma variedade transigência. Com essa composição, teríamos uma melhora significativa”, explica.

Questionado em quais pontos as usinas podem agir, Lima reitera que a ‘lição de casa’ precisa ser feita. “Precisamos aumentar a capitação da água no período das chuvas para otimizar sua utilização no período de seca. O custo é muito alto para os produtores, no entanto, as usinas já estão desenvolvendo a referida ação, com destaque para as usinas alagoanas”, indica.

Contudo, Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar – Sindicato das Indústrias do Açúcar – de Pernambuco, diz que com o atual rendimento financeiro dos produtores, é inviável sugerir investimentos, ainda que sejam necessários. “As unidades no estado de Pernambuco, por exemplo, investem em sistemas de irrigação complementar (racionalizando assim o uso da água). Usamos também a fertirrigação, ou seja, irrigação com uso da vinhaça, reduzindo assim, a utilização de fertilizantes, prática ecologicamente sustentável. Porém com essa seca, torna-se inviável tais investimentos. No momento, o essencial é buscar políticas públicas que possam nos dar segurança hídrica”.

Segundo dados do Mapa — Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a área ocupada com cana-de-açúcar pelos fornecedores do Nordeste é de aproximadamente 327 mil hectares, sendo o rendimento agrícola médio de 55 toneladas por hectare – o que corresponde a uma capacidade de produção de 18 milhões de toneladas de cana.