Os resultados de julho da balança comercial superaram as expectativas: a média diária das exportações, de US$ 648,7 milhões, e a das importações, de US$ 380,2 milhões, foram recordes históricos, assim como o saldo da balança comercial, de US$ 5,638 bilhões no mês.
Esses resultados devem ser colocados no seu contexto especial. Foram, em parte, conseguidos em seguida aos dois meses em que uma greve da Receita Federal afetou tanto as exportações como as importações, ainda não totalmente regularizadas. Por outro lado, continuam refletindo um mercado internacional em pleno crescimento, o que poderá mudar nos próximos meses. O crescimento das importações é certamente um ponto positivo, especialmente quando se considera que as compras de bens de capital aumentaram 5,9% em relação ao mês anterior e 28,3% sobre o mesmo mês do ano passado. Não se pode, porém, deixar de mencionar que as importações de bens duráveis tiveram, em julho, um aumento maior (7,7% e 15,1%, respectivamente), provocando uma redução da produção da indústria nacional.
Sem dúvida a apreciação do real ante o dólar está na origem dessa situação, que deverá se acentuar nos próximos meses, como se pode concluir da decisão da China de elevar suas exportações de veículos. As medidas tomadas para conter essa apreciação da moeda nacional não têm tido efeito, até agora, sobre as cotações do dólar, embora apresentem outras vantagens.
As grandes empresas conseguem reduzir o impacto desfavorável do câmbio, mas há uma forte queda, de 7,7%, em relação a julho de 2005 no número de empresas exportadoras (atualmente são 13.786) e uma grande concentração no número de produtos exportados: no caso dos produtos básicos, três deles responderam por 62,7% das exportações em julho; entre os semimanufaturados, seis contaram por 70% das vendas; e, no setor de manufaturados, nove ficaram com 35,8% do faturamento externo.
Com o crescimento da economia mundial e, em particular, da China, os preços de alguns produtos explodiram em relação ao mesmo mês de 2005: 76,2% de aumento do açúcar refinado; 73,1% do suco de laranja congelado; 52,2% do petróleo; 48,8% do alumínio; etc…
Uma última informação: a média diária das exportações cresceu 19,1% em julho em relação a junho, mas apenas 13,5% para os EUA e 16,4% para a União Européia.