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Baixos preços compremetem partipação de usinas em leilões de bioenergia

Os preços-teto divulgados na semana passada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para os leilões de energia de reserva e de fontes alternativas, programados para agosto próximo, devem comprometer a participação do setor sucroenergético brasileiro, na opinião da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). De acordo com a entidade, os valores anunciados não são adequados, considerando-se os altos investimentos necessários, particularmente de usinas mais antigas, que exigem reformas e elevados investimentos por MW instalado para ampliar a geração de energia elétrica – as chamadas “retrofits”.

Segundo os editais aprovados ontem pela ANEEL, os preços-teto foram definidos em R$ 156/MWh para o LER 2010 e R$ 167/MWh para o Leilão de Fontes Alternativas 2010 (LFA 2010). O presidente da UNICA, Marcos Jank, observa que o preço-teto para o LER 2010, em valores atualizados, representa 90% do praticado em 2008. “O primeiro leilão desse tipo, realizado em agosto de 2008, teve um preço-teto de R$ 157/MWh, o equivalente a R$ 173/MWh em valores de hoje”, destaca Jank.

A energia eólica, por exemplo, terá um preço-teto de R$ 167 por MWh no leilão de reserva, R$ 11 por MWh superior ao valor definido para a biomassa. As condições de financiamento também são significativamente melhores tanto para o caso de eólicas localizadas na Região Nordeste, onde está o maior potencial dessa fonte, como no caso das grandes hidrelétricas, especificamente Belo Monte.

Para a UNICA, é condição imprescindível a definição de condições favoráveis para atrair investimentos e manter uma contínua inserção da bioeletricidade na matriz de energia elétrica do Brasil. De acordo com a entidade, o setor sucroenergético brasileiro espera a definição de uma política setorial dedicada à fonte, não só para as usinas “greenfields” mas principalmente para as usinas que precisam de “retrofit”, que compõe a grande maioria dos projetos cadastrados para os próximos leilões.