Nova estrela do mercado energético mundial, o etanol promete revolucionar a agroindústria canavieira na Bahia. Amparado nas projeções de expansão do plantio de cana-de-açúcar, na instalação de novas indústrias e na utilização em massa do álcool combustível (hidratado e anidro) no exterior, o segmento sucroalcooleiro baiano, hoje ainda modesto, já sonha com uma fase áurea de crescimento.
Até 2013, deve desembarcar no estado um total de 20 novas usinas, projetos que irão somar cerca de R$8 bilhões em novos investimentos, além de gerar 30 mil empregos diretos. “A expectativa é atingir, nesses próximos cinco anos, uma capacidade produtiva anual da ordem de 7,2 bilhões de litros de álcool.
Isso fará com que a Bahia saia da posição de importadora para exportadora do produto, pois atualmente produzimos apenas 120 milhões de litros, enquanto o consumo gira em torno de 800 milhões de litros”, revela o superintendente de políticas para o agronegócio, da Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), Eujácio Simões.
Entre os protagonistas dessa nova fase, está o oeste baiano, território que vem despontando como forte candidato ao mais novo pólo sucroalcooleiro do país. Segundo Simões, a região, já conhecida pela liderança na produção de grãos, será palco este ano das obras de implantação de uma usina de etanol, projeto orçado em R$500 milhões.
“Em julho, a empresa Multigrain irá começar sua plantação de cana-de-açúcar no oeste. Em seguida, será iniciada a construção da sua planta industrial, que deverá entrar em operação em 2011. Somente essa fábrica irá produzir cerca de 480 milhões de litros de álcool por ano”, ressalta.
Na linha de frente desse processo, estão as ações de promoção da imagem do produto como fonte de energia limpa e renovável, seja para o anidro – utilizado na mistura com a gasolina – ou no hidratado, usado nos carros flex.
No rastro dos projetos em torno do etanol, destaque ainda para as projeções de incremento no cultivo de cana, sua principal matéria-prima – cultura até então relegada no estado e ainda distante de um modelo capaz de atender a demanda local. “A Bahia tem hoje cerca de 130 mil hectares de área plantada, mas pode chegar a 870 mil hectares até 2013”, informa.
As estimativas de ampliação no plantio estão pautadas também no otimismo do produtor com o avanço no consumo do etanol e no aumento da margem de lucro. “Com certeza, os produtores serão mais bem remunerados. Por exemplo, enquanto a pecuária rende R$200 por hectare, a cana-de-açúcar rende R$500”, afirma.
Entretanto, de acordo com Eujácio, esse cenário está atrelado à aposta do segmento por uma maior valorização do álcool combustível no mundo. “Hoje, o litro está sendo vendido nas usinas por R$0,75, um patamar muito baixo diante das vantagens do produto, como a não produção de gás carbônico. Esperamos, pelo menos, que esse valor dobre”, observa.
Com relação aos pontos fracos que podem ameaçar a posição do Brasil no comércio mundial do etanol, a exemplo de uma infra-estrutura logística deficiente, o superintendente acredita que isso não irá atrapalhar o desenvolvimento da agroindústria baiana.
“A logística de transporte no estado ganhará o reforço da ferrovia Oeste-Leste. Aliado a isso, já existe também um projeto para a construção de um alcoolduto no extremo sul baiano. Na região do São Francisco, por exemplo, o mercado contará com a união entre o sistema hidroviário e o ferroviário, levando a produção de Juazeiro para o Porto de Aratu”, argumenta.
Embora inicialmente de olho na busca pela auto-suficiência, o ramo sucroalcooleiro baiano já projeta um futuro de exportações, com uma produção local voltada, basicamente, ao atendimento do setor automotivo, principalmente em mercados como Estados Unidos, Japão, Coréia e China. (Alan Amaral)