Candeias 1, poço mais antigo do Brasil, continua ativo, depois de completar 65 anos. Primeira a ser explorada no País, a Bacia do Recôncavo, na Bahia, continua sendo alvo de prospecções da Petrobras para a descoberta de novos campos de petróleo e gás. No final dos anos 1990, com a decisão de priorizar a exploração marítima, foram suspensas as prospecções terrestres na região onde está localizado o mais antigo poço comercial de petróleo em produção do Brasil, o Candeias 1, que está completando 67 anos e tem vazão de 7,5 barris por dia. “A partir de 2003, com a nova diretoria, voltamos a explorar em área terrestre”, diz Antonio Rivas, gerente-geral da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras na Bahia.
Nos últimos três anos, já foram descobertos dois novos campos de petróleo e gás na Bacia do Recôncavo, que atualmente produz 50 mil barris por dia de petróleo e 5 milhões de metros cúbicos de gás em 2,6 mil poços, representando cerca de 3% da produção nacional. “Os dois novos campos descobertos já produzem quase 10% do total produzido atualmente na região”, informa Rivas. No início dos anos 1960, a Bacia do Recôncavo chegou a produzir 150 mil barris por dia.
A Petrobras vem investindo na modernização da extração em áreas terrestres. Na cidade de Entre-rios, a 80 quilômetros de Salvador, foi descoberto um campo que é um dos seis no Brasil onde a empresa está desenvolvendo uma nova tecnologia: o gerenciamento digital de campos. “As medições de temperatura, pressão e vazão, entre outras, são feitas através de sensores conectados por meio de fibra ótica no fundo dos poços, transmitindo os dados em tempo real para a central onde é feita a integração com todos os demais processos”, explica Rivas, destacando como ponto forte da iniciativa a otimização da produção.
Segundo o executivo da Petrobras, já foram automatizados mais de mil poços, que são monitorados a distância. “Estamos investindo na aplicação de novas tecnologias, buscando aumentar as reservas e a produção”, diz. Para manter a atual produção baiana de petróleo, a Petrobras vem desenvolvendo uma série de técnicas para aumentar a vazão dos poços.
A mais significativa é a injeção de gás carbônico nos reservatórios, que deve acrescentar volumes expressivos na produção atual. Outras técnicas estão sendo aplicadas, como sísmica 3D ou em três dimensões, otimização da malha de poços injetores e injeção de vapor para revitalizar campos maduros.
A última descoberta de reservas de petróleo na Bacia do Recôncavo Baiano foi batizada de Fazenda Palmeira. Segundo a Petrobras, a reserva é equivalente ao Campo de Jandaia, encontrado em dezembro de 2004 na mesma região, e que produz atualmente cerca de 2,4 mil barris de petróleo por dia. O óleo dos dois poços é considerado leve, do tipo importado pela estatal para produzir derivados de boa qualidade nas refinarias nacionais.
Os dois novos poços ficam no bloco exploratório BT-REC-11, adquirido pela Petrobras na 5 rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2003. A compra marcou a volta da estatal ao Recôncavo Baiano, após mais de uma década com atenção voltada principalmente para atividades marítimas.
O Recôncavo tem também belezas naturais e arquitetônicos que atraem grande número de turistas. Destacam-se as cidades de São Félix e Cachoeira, separadas pelo Rio Paraguaçu, que nasce na Chapada Diamantina. As cidades, com muitos prédios coloniais, são ligadas por uma ponte de ferro feita por ingleses e inaugurada por D. Pedro II em 1859. Entre os marcos da história de Cachoeira estão a Igreja da Ordem Terceira do Carmo (1724), a Santa Casa (1734) e o Chafariz Imperial (1827).
Biodiesel
Além de petróleo e gás, a Petrobras quer produzir biodiesel na região. Uma unidade de produção começa a ser instalada no município de Candeias, a 40 quilômetros de Salvador. Numa área de 110 mil m², a estatal do petróleo vai investir R$ 78 milhões na construção da usina.
Durante a construção e montagem poderão ser criados cerca de 100 empregos diretos e 400 indiretos. Ao iniciar a operação, prevista para o fim do ano que vem, a usina vai gerar 30 empregos diretos. Os principais insumos para produção de biodiesel serão óleos vegetais como dendê, algodão, mamona e soja. Outras oleaginosas como girassol, amendoim e gergelim estão sendo estudadas. Gordura animal e álcool também serão utilizados como insumos.
A produção de oleaginosas será desenvolvida no entorno da planta industrial e poderá gerar emprego e renda para cerca de 25 mil famílias de agricultores da região. O município de Candeias foi escolhido pela Petrobras por diversos fatores, com destaque para a proximidade de bases das distribuidoras de combustível e do mercado consumidor; e a localização privilegiada em relação aos meios de transporte rodoviário, ferroviário e marítimo.
Para alcançar a meta estratégica de produzir 855 milhões de litros de biodiesel por ano em 2011, a Petrobras analisa cerca de 15 outros projetos em várias regiões do País em parceria com diferentes investidores, desde grandes grupos econômicos até cooperativas de trabalhadores rurais. O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel estabelece que a partir de janeiro de 2008 será compulsória a adição de 2% de biodiesel ao diesel convencional e também será permitida a mistura de até 5%, contribuindo para a ampliação do mercado.