Mercado

Avião agrícola a álcool começa a ser negociado

Empresa de São Paulo já está aceitando pedidos de aeronaves e kits de conversão.A Indústria Aeronáutica Neiva reabriu recentemente, em Ribeirão Preto (SP), a carteira de pedidos de aviões agrícolas movidos a álcool. A empresa está aguardando apenas pela certificação do Centro Tecnológico Aeroespecial (CTA), que deve sair em julho, para começar a produção do novo modelo. Segundo o gerente-comercial da Neiva, Luiz Fabiano Zacarelli Cunha, só de kits de conversão já são 69 pedidos.

Os primeiros kits devem começar a ser entregues ainda em agosto deste ano e os aviões em março de 2005. Para conseguir a certificação do CTA é necessário atender a diversos requisitos. “Faz dois anos que estamos com o processo de certificação. Temos de provar que o motor a álcool não afeta a aeronavegabilidade e a funcionalidade do avião, entre outras coisas”, explica Cunha. Um dos maiores problemas do motor a álcool a ser resolvido é a corrosão. “Mas isso já estamos resolvendo.” Economia – A grande vantagem do novo modelo é a economia de combustível. Hoje, a gasolina de aviação custa, em média, R$ 4 o litro. Já o álcool custa menos de R$ 1 o litro. Com um avião a gasolina, calcula Cunha, a hora de vôo, feita com 70 litros, custa, em média, R$ 266. Já com o modelo a álcool, apesar de gastar um pouco mais de combustível, 90 litros, a hora de vôo custa R$ 90.

No fim das contas, a economia é bastante significativa. “Se você contar que o produtor usa o avião cerca de 400 horas por mês, ele vai economizar mais de R$ 70 mil só em um mês. Em um ano, ele já conseguiu pagar o avião.” O modelo a álcool vai custar US$ 247 mil, um pouco mais do que o avião a gasolina, que hoje sai por US$ 225 mil. Outra vantagem prometida pela empresa é o aumento da potência do motor.

O interesse dos produtores, atraídos principalmente pela economia, é grande. Mas ainda há algum receio. O empresário Dirceu Spies, de Boa Vista (RR), presta serviços no ramo da aviação agrícola para mais de 40 produtores no Estado. Ele está na lista para adquirir o kit de conversão, mas por enquanto vai alterar o motor de apenas um avião, dos seis de sua frota. “Quero experimentar para ver se vai funcionar bem mesmo, principalmente pela logística do combustível”, diz.

Ele espera economizar pelo menos 50% com o combustível. Atualmente, a empresa faz 3.600 horas de vôo por ano. “Se tudo der certo acho que dá para baixar em 20% o custo da hora. Além de passar para o produtor, essa economia deve chegar no consumidor”, acredita.

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