O acordo alcançado no fim de semana pode facilitar a discussão de temas agrícolas na negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), disse o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick.
Embora a negociação da Alca esteja paralisada, sempre houve o entendimento de que progressos na OMC poderiam ajudar no plano regional. O próprio Zoellick lembra que “outros desafios” permanecem, como a questão da propriedade intelectual.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que tudo que apontar para a liberalização agrícola é bom. Mas lembrou que, para o Brasil, a negociação da OMC tem alcance muito maior do que as outras negociações de que o país participa.
A expectativa do agronegócio brasileiro é semelhante à de Zoellick. Antônio Donizeti, diretor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), disse que o maior obstáculo na Alca é a insistência do Brasil e da Argentina em negociar subsídios no contexto regional, o que Washington não aceita. Com o acordo na OMC, a CNA espera maior flexibilidade do Mercosul nesse ponto na Alca.
Mas o problema está agora em outra área, como lembrou Zoellick. Recentemente, o relator para direitos da saúde das Nações Unidas acusou os EUA de usar tratados bilaterais para forçar a adoção de novas regras para patentes de remédios.
Ele exemplificou com as negociações entre os Estados Unidos e o Peru para assinatura de um acordo comercial, que dificultará bastante o acesso a remédios baratos para os peruanos, segundo ele.