O avanço da cultura da cana-de-açúcar na zona central do Estado tem ajudado a atrair grandes indústrias do setor alimentício para Bauru e municípios vizinhos. Sukest e Adams são exemplos mais conhecidos de empresas que ampliaram suas atividades na região nos últimos tempos por conta, entre outros fatores, da proximidade com as áreas fornecedoras de açúcar.
A expansão do setor alimentício tem sido notória no centro do Estado. Tanto que hoje representa 13% das atividades econômicas industriais da região, segundo estimativas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
A entidade também aponta que as fábricas de alimentos respondem por 28% de tudo o que é produzido na área. Além disso, gomas de mascar revestidas de açúcar e bolachas vitaminadas estão entre os principais itens exportados por Bauru e pelas cidades vizinhas.
Tais indícios ajudam a reforçar a idéia de que a proximidade com as zonas produtoras de açúcar tem sido um fator estratégico para o desenvolvimento do setor alimentício e, conseqüentemente, da região central do Estado de São Paulo.
“A conjuntura econômica do País faz com que os empresários busquem se aproximar das regiões fornecedoras de matérias-primas. Este é o motivo pelo qual Bunge, por exemplo, decidiu encerrar suas atividades no município e transferir suas unidades produtoras para o Centro-Oeste, porque avaliou que seria mais vantajoso estar perto das zonas onde os cereais são cultivados.
É por essa mesma razão que a Adams, num caminho inverso, resolveu fechar duas fábricas que possuía na Capital e concentrar todas as suas atividades em Bauru, porque aqui ela terá um acesso facilitado ao açúcar de que necessita para fabricar os doces”, avalia o diretor regional do Ciesp, Domingos Malandrino.
De acordo com estimativas da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), existem atualmente, no País 590 estabelecimentos que se dedicam à produção de doces de frutas – 103 só no Interior de São Paulo; nenhum na Capital.
Ainda segundo a Abia, há cerca de 560 indústrias de balas e confeitos no Brasil que empregam, juntas, cerca de 30 mil trabalhadores. Desse total de empresas, 180 estão instaladas no Interior do Estado e contam com aproximadamente 14 mil funcionários.
Se depender dos produtores de açúcar, o namoro entre as indústrias do ramo alimentício e a região só tende a ficar mais e mais adocicado. Hoje, a microrregião de Jaú (município localizado a 47 quilômetros de Bauru) processa sozinha cerca de 14 milhões de toneladas de cana por safra.
Uma nova usina de açúcar e álcool que entrou recentemente em atividade em Iacanga (52 quilômetros de Bauru) terá capacidade para moer pelo menos 450 mil toneladas de cana quando atingir sua capacidade máxima de produção. Atualmente, o Interior de São Paulo conta com aproximadamente 3,6 milhões de hectares ocupados por canaviais.
Condições para crescer
Na opinião de Malandrino, o poder público deveria se empenhar mais em criar condições para que as empresas que se encontram instaladas no município se desenvolvam do que em atrair grandes multinacionais para a cidade.
“A opção de uma indústria de se instalar em um determinado local dependerá da proximidade do mesmo com as áreas produtoras de matérias-primas. Por isso é tão difícil fazer com que grandes multinacionais venham para cá”, diz.
Condições para que as indústrias se adeqüem às normas ambientais internacionais, maior número de vagas em creches, melhora no transporte coletivo e na infra-estrutura dos distritos industriais são alguns fatores que, segundo Malandrino, poderiam funcionar como diferencial para as empresas instaladas na cidade.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Walace Sampaio, por sua vez, acredita que a cidade tem sido, sim, capaz de oferecer atrativos para as indústrias. “A cidade perde empresas? Sim, perde, mas isso é um dado relativo, pois se fizermos um balanço geral, o saldo tem sido positivo para Bauru e região.
As pessoas comentam muito sobre os empreendimentos que funcionavam aqui e fecharam, mas se esquecem de falar sobre aqueles que abriram ou ampliaram suas atividades”, avalia. (Rodrigo Ferrari)