Há cerca de um ano, a Agência Internacional de Energia (AIA) alertava para a alta do petróleo, com os impactos decorrentes na economia global. Ademais, o mundo está consumindo cada vez mais o combustível fóssil, sem nenhuma racionalidade.
Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) declarou, solenemente, que os mercados de petróleo deverão permanecer com os preços altos.
Os contratos celebrados para a entrega do petróleo neste mês registraram as vendas a 54 dólares/barril.
Inquestionavelmente, a fase do petróleo barato ficou para trás. Alguns analistas mencionam a cotação na marca de 100 dólares/barril.
O Brasil está próximo da auto-suficiência em petróleo. Mesmo assim, a permanência do preço em níveis historicamente altos tem um impacto sobre o Brasil. Há um ano, o barril era cotado a US$ 30. Por enquanto, a Petrobrás tem segurado o preço dos combustíveis derivados do petróleo. A política de preços continua a mesma do governo FHC: a estatal acompanha o preço do mercado internacional, buscando uma média de preço de longo prazo e uma cesta de produtos e fornecedores (Golfo do México, Argentina e Argélia).
Falta-nos um mecanismo transparente de reajuste dos combustíveis. Os preços da gasolina, diesel e do GLP vêm sendo mantidos abaixo dos custos de oportunidade para atingir os objetivos macroeconômicos e políticos.
Em 2000, a Petrobrás chegou a adotar a fórmula de reajuste trimestral dos combustíveis, para cima ou para baixo, de acordo com a variação do petróleo e do dólar. A FGV aponta defasagem entre os preços domésticos e internacionais de 16% na gasolina e 19% no diesel. Para os analistas (Banco Pactual, Tendências e Expectro Consultoria), a defasagem da gasolina seria de 24% e do diesel, 20% , respectivamente.
A nossa política de preços conflita com a dos países desenvolvidos, onde os preços oscilam conforme a variação do preço do óleo bruto.
Em decorrência, o Comitê de Política Monetária já advertiu: “A permanência do preço do petróleo alto passou a representar um serio risco para a trajetória futura da inflação brasileira”.
Mudanças nos preços dos combustíveis são sempre terríveis para os consumidores. A gasolina tem um peso muito grande no IPCA: o combustível representa cerca de 5% do resultado final. Parece pouco, mas o item cereais, que inclui feijão e arroz tem peso de apenas 1,29%.
A autoridade monetária tem, reiteradamente, declarado que não haverá reajuste nos preços dos combustíveis domésticos em 2005.
O cenário poderá ser modificado com a ampliação da produção alcooleira, além da incrementação do biodiesel. Tanto o álcool de cana como os óleos vegetais, além dos benefícios para o meio-ambiente, porque poluem menos que os derivados do petróleo, podem ajudar o País na busca da independência energética e da desvinculação da economia brasileira da indústria do petróleo internacional.