Mercado

Atração de investidores e criação de mercado para créditos estão no foco de encontro sobre o RenovaBio

Foto: Fiesp/Divulgação
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Conteúdo produzido pela assessoria da Fiesp

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O RenovaBio, programa brasileiro de incentivo à produção de biocombustíveis, precisa vencer desafios, entre eles o financeiro, com a necessidade de criar um mercado para créditos de carbono. Para falar sobre isso, compareceu na segunda-feira (02/04) à reunião do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Cosag) o coordenador da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Paulo Roberto Costa.
Também participou da reunião o deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), autor do projeto de lei que instituiu o programa. Gussi comparou o RenovaBio à taxa Selic, que baliza os juros no Brasil. O RenovaBio parte de uma iniciativa governamental, mas é uma ferramenta de mercado. Destacou os múltiplos aspectos abrangidos pelo programa. O aumento de eficiência ambiental deve levar a um aumento da eficiência econômica, disse.
O valor econômico trazido pelo RenovaBio pode significar combustível mais barato para os consumidores, disse o presidente do Cosag, Jacyr Costa. O programa, afirmou, sempre teve o apoio do presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

A entidade, destacou, promoveu eventos importantes para o desenvolvimento da proposta do RenovaBio. O etanol, usado para gerar energia elétrica no próprio carro, tem o potencial de levar aos veículos mais limpos. Isso, lembrou, foi dito na Fiesp pelo presidente da Anfavea, Antonio Megale.

Paulo Roberto Costa destacou a importância e a velocidade alcançadas pelo RenovaBio, apesar do momento econômico difícil. Ao governo cabe criar as regras, sem dar subsídios, estabelecendo metas e a certificação. Em cerca de 15 dias deve ser lançada em consulta pública a proposta de certificação ambiental, disse.

Redução de emissões é um dos pilares do programa, assim como o financiamento. Há reuniões com o setor financeiro para modelar o apoio ao programa. “Estamos tentando construir e fomentar o mercado de carbono”, com o Brasil liderando.
O RenovaBio é um mercado muito interessante de renda variável, afirmou Costa, que destacou o momento de juros básicos em baixa, tornando mais atraentes investimentos de risco.
Como vai ser obrigatório em 2020, com meta de já começar a acumular em 2019 os CBios (créditos de descarbonização), é importante que os produtores se conscientizem sobre a certificação.
O mercado de carbono tem crescido, tendendo a se tornar commodity, superando o declínio de anos recentes, disse Costa.
O programa é muito ambicioso e exige coragem. Além da cana, emitem CBios produtores de outros insumos usados em biocombustíveis, como milho e gordura animal.
Eduardo Leão, diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), falou em nome dos produtores rurais. Destacou a importância do dia, em que ocorria também a primeira reunião do comitê do RenovaBio, para determinar metas. O programa dá previsibilidade para os atores, coisa fundamental para quem lida com cana-de-açúcar.
Pedro Corrêa Neto, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disse que o tripé de renda dos produtores, resiliência e sustentabilidade, é atendido pelo RenovaBio. O deputado estadual Itamar Borges (MDB) ressaltou a importância da atuação da Fiesp pelo RenovaBio.

RenovaCalc

Marcelo Morandi, chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, explicou o funcionamento do RenovaCalc, a calculadora que será usada para avaliar a intensidade de carbono no processo de produção de biocombustíveis.
A nota de eficiência energético-ambiental é determinada pela diferença entre as emissões do biocombustível e de um combustível fóssil de referência. Leva em conta todo o ciclo de vida dos biocombustíveis.
A calculadora se baseia em rotas de produção. Os dados saem de bases já estabelecidas e reconhecidas internacionamento no caso dos insumos a montante, e em coleta por exemplo da literatura, a jusante. São duas etapas, o processo agrícola e o industrial.
A primeira versão da calculadora vai a consulta pública na forma de planilhas eletrônicas, mas depois será convertida em sistema online, explicou Morandi. Será preciso ter certificação por terceiros dos dados informados.