Nos próximos três anos, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) espera escoar mais grãos do que produtos siderúrgicos. Isso será possível porque a Vale estuda criar um novo corredor de escoamento de produtos agrícolas, que aumentaria sua capacidade de exportação, atualmente em 11 milhões de toneladas, para até 20 milhões de toneladas. Além disso, a empresa tem planos de estrear na logística de álcool combustível, segmento no qual ainda não atua; até 2006, a CVRD poderá comprar vagões e construir infra-estrutura própria para armazenar 500 mil metros cúbicos de álcool no Porto de Vitória.
A logística de cargas gerais representou 11% do faturamento da Vale no ano passado, que foi de R$ 29 bilhões. Dentro das cargas gerais, a movimentação de produtos agrícolas representou 26% e a de produtos siderúrgicos, que a Vale transporta para teceiros, 30%. “O escoamento de grãos certamente vai superar o volume de siderúrgicos nos próximos anos. Afinal, a produtividade brasileira vem crescendo e no Brasil temos terras baratas e área agricultável para expandir o plantio”, diz Guilherme Lager, diretor de logística da CVRD. Lager participou do seminário “Agronegócio: uma atividade sustentável”, promovido pela trading franco-brasileira Agrenco, em Viena.
No ano passado, a Vale transportou 9 milhões de toneladas de soja, fertilizantes, açúcar e algodão. Para este ano, o volume será 22% maior, de 11 milhões de toneladas. A maior parte da produção agrícola brasileira – cerca de 45% – é escoada pelo Porto de Paranaguá (PR). Mas a Vale quer mudar esta história.
“A concentração em Paranaguá é muito grande. Por isso, estamos estudando uma rota alternativa, que deverá entrar em operação em 2008 ou 2009”, afirma Lager.
A nova rota de escoamento de grãos poderá ser pelos portos de Santos (SP), Sepetiba (RJ), Tubarão (ES), Itaqui (MA), Barra do Riacho (ES), Ubu (ES) ou Aratu (BA). “Estamos analisando todas as alternativas. A nova rota pode entrar em operação nos próximos três ou quatro anos e deve ajudar a diminuir a fila de caminhões nos portos”, diz. “Hoje o escoamento é muito concentrado em Paranaguá. Essa concentração não é saudável, como pudemos ver pela experiência do furacão Katrina na cidade de Nova Orleans (EUA)”. O Porto de Nova Orleans era responsável por 67% do escoamento da safra americana. A destruição provocada pelo furacão causou gargalos logísticos em plena safra americana e elevou os preços do frete interno. Lager não informa quanto deverá ser investido na nova rota de escoamento agrícola.
Outro estudo da Vale diz respeito ao transporte de álcool. A empresa estuda investir na compra de vagões e na construção de infra-estrutura de armazenagem de álcool no Porto de Tubarão (ES). Os armazéns teriam capacidade de estocar 500 mil metros cúbicos de álcool para exportação. “O álcool é uma grande promessa. Todos estão esperando pelos grandes contratos de compra do Japão e dos Estados Unidos. Estamos nos preparando para isso”, diz o executivo. Se o projeto for aprovado, a infra-estrutura deve entrar em operação em 2006 ou 2007.
Maior do mundo
A Vale do Rio Doce é a maior empresa de mineração do mundo, com valor de mercado de US$ 47,6 bilhões. Ela é dona de oito terminais portuários e de 9.306 quilômetros de estradas de ferro. No ano passado, ela investiu US$ 100 milhões na logística agrícola, como a construção de silos, centros de distribuição e na compra de vagões. Para 2005, o investimento será 20% menor, de US$ 80 milhões, que também serão empregados em novos vagões, centros de distribuição e na construção de silos como os do Porto de Sepetiba.