A crise que atinge os plantadores de cana-de-açúcar de Alagoas começa a dar sinais de que pode ceder um pouco. A negociação de um acordo na Câmara Setorial da Cana, essa semana, em Brasília, e a reação dos preços do açúcar e do álcool no mercado interno são vistos como um alento que pode reduzir as perdas enfrentadas pela categoria.
Em relação a igual período do ano passado, a tonelada de cana-de-açúcar está valendo, na média, 30% menos. Em média, uma tonelada posta na indústria está valendo, hoje, R$ 27. Na safra 02/03, o preço médio do produto era de R$ 36.
“Hoje o que estamos recebendo não cobre sequer nossos custos de produção”, reclama o presidente da Associação dos Plantadores de Cana (Asplana), Edgar Antunes, que semanas atrás chegou a denunciar que os fornecedores de cana do Nordeste poderiam ser pulverizados por causa da crise de preços.
O fechamento do acordo em Brasília, segundo Edgar Antunes, pode garantir um ganho de 3% a 4% no preço final da tonelada de cana em Alagoas. Estamos definindo os últimos detalhes, mas ainda durante esta safra o cálculo da ATR (Açúcar Total Recuperável) será realizado de acordo com os critérios usados em São Paulo, com isso, o preço final da cana deve ter um pequeno acréscimo”, avalia.
Outro ponto garantido no acordo, segundo ele, foi a criação do Consecana Nordeste – conselho que definirá os preços da cana no Nordeste. “O Consecana deve ser oficializado no dia 9 de dezembro”, antecipa.
Quanto aos preços do açúcar e do álcool, a expectativa, acredita Edgar Antunes, é de recuperação. “Com o fim da safra do Centro-Sul, sentimos que os preços começaram a melhorar. Assim, a nossa expectativa é que em algumas semanas isso reflita no preço da ATR e, conseqüentemente, no preço da cana pago ao fornecedor”, aponta.