Completei minha “primeira safra” no setor da cana-de-açúcar. Há cerca de um ano assumi a Presidência Executiva da UNICA, plenamente consciente dos grandes desafios que estavam por vir, mas entusiasmada pela oportunidade de liderar um dos mais dinâmicos e sustentáveis setores da economia brasileira. Foi um ano de intensa atividade, no qual procurei centrar esforços, juntamente com minha equipe, no aperfeiçoamento das políticas públicas e do ambiente institucional brasileiro. Foram inúmeras as discussões com representantes dos setores público e privado no Brasil e no exterior, avaliando e buscando alternativas que pudessem melhorar a competitividade e gerar os incentivos necessários para um novo ciclo de investimentos no setor. Medidas importantes foram obtidas, entre as quais destaco o retorno da mistura do etanol na gasolina para o nível de 25%, o que gerou uma demanda adicional de cerca de dois bilhões de litros ao ano; o aperfeiçoamento da linha de crédito para renovação de canaviais, reduzindo a sua idade média e aumentando a produtividade; o financiamento para estocagem de etanol, medida que, juntamente com a exigência de contratos de compras antecipadas de etanol pelas distribuidoras estabelecida pela ANP, permitiu uma maior estabilidade de oferta e preços ao longo da safra; e a desoneração do Pis/Cofins do etanol que, após sua regulamentação, permitirá um aumento da competitividade do setor. Cabe destacar que o setor também fez sua parte e continuou investindo em larga escala no aumento da eficiência, a exemplo do acelerado ritmo de mecanização e da geração de bioeletricidade. Mesmo em crise, apostou em novas tecnologias, devendo inaugurar as primeiras plantas comerciais brasileiras de etanol de 2ª geração já em 2014. Além disso, manteve os investimentos em logística de transportes, destacando a inauguração da primeira fase do etanolduto, entre Ribeirão Preto e Paulínia, e da melhoria das ferrovias e terminais portuários, visando ao aumento contínuo da competitividade nos mercados doméstico e internacional. Porém, apesar dos avanços significativos detalhados neste relatório, envolvendo competitividade, sustentabilidade, comunicação e nossa presença estratégica em Brasília, é fundamental que políticas que definam regras de longo prazo sejam rapidamente adotadas. O setor tem trabalhado nesse sentido, e aguarda uma clara sinalização do governo sobre o papel do etanol dentro da matriz energética nos próximos anos, o que pressupõe a adoção de uma regra clara e previsível de formação de preços de combustíveis no mercado doméstico, bem como de políticas tributárias que incorporem as externalidades positivas do etanol ao sistema de preços. Entendemos também como fundamental acelerar o fomento à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas, industriais e de automóveis, por meio do aprimoramento do rendimento dos veículos flex. A realidade é que o setor sucroenergético ainda está longe de superar uma crise que persiste há mais de cinco anos. Por outro lado, chama a atenção o dinamismo destes empresários que continuam investindo e acreditando plenamente no potencial da energia limpa e renovável. A solução não é simples mas passa necessariamente por uma parceria entre os setores público e privado, cujos resultados serão mais empregos, menos emissões de gases do efeito estufa na atmosfera e a melhoria da saúde pública nos grandes centros do País. Todos ganham: o meio ambiente, a economia, o cidadão, o País. Feliz 2014.
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