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Áreas com cana dão espaço para o plantio de grãos em Jaú

(Foto: Agência Minas/Divulgação)
(Foto: Agência Minas/Divulgação)

Levantamento sobre a produção agrícola municipal disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a cultura de grãos cresceu entre 2014 e 2015 em Jaú. O cultivo de soja aumentou e lavouras de sorgo e amendoim, que não apareciam em 2014, constam nos números computados no ano passado.

Os dados são relacionados às culturas temporárias. Já as permanentes tiveram pouca alteração entre os dois períodos (veja quadro). Um dos motivos é que é mais complicado arrancar pés de café ou laranja, por exemplo, e partir para outra opção agrícola.

Se as lavouras permanentes estão mantidas e as temporárias basicamente são ocupadas pela cana-de-açúcar, é preciso verificar de onde “vieram” as terras para o cultivo de outras culturas, especialmente os grãos.

O secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, explica que a produção de grãos é uma tendência nacional. “A diversificação da cultura permite agregar mais valor”, comenta.

Segundo ele, a mecanização da colheita da cana, em que as máquinas não entram em áreas de declives, e a maior produtividade dessa matéria prima por hectare fazem que haja mais espaço para outras lavouras.

Reforma

O assistente de planejamento do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Jaú, Fernando Alves Nunes, menciona também o aproveitamento da terra para reforma do canavial.

Esse procedimento é usado após o último corte da cana. Antes do próximo plantio é possível inserir grãos para a melhoria da terra com a fixação de nitrogênio. De acordo com Nunes, normalmente 20% da área total com cana a cada ano pode ser usada para a rotação de cultura.

Outra questão citada pelo assistente é que glebas localizadas perto do perímetro urbano não recebem mais cana. O risco iminente de incêndios, com prejuízo para o produtor ou para a usina, é o maior problema.

Para o presidente da Cooperativa de Café da Zona do Jahu, Carlos Eduardo Nabuco de Araújo, a ampliação do leque de oportunidades com o plantio de grãos faz que muitos agricultores migrem para essas culturas.

No caso da cana, a única opção do produtor é vender a produção para uma empresa que irá processar a matéria prima. Já quem planta milho, por exemplo, pode destinar o grão a vários compradores (leia texto).

Nabuco cita os bons preços do mercado, a proximidade com portos, a facilidade no trato com a cultura e as possibilidades de financiamento.