O consultor Arnaldo Corrêa, da Archer Consultoria, fez um alerta sobre as projeções da safra 2025/26, contestando os números que circulam no mercado. Segundo o especialista, as estimativas de 605 milhões de toneladas de cana ou 41,5 milhões de toneladas de açúcar no Centro-Sul “não se sustentam”.
Cenário preocupante
“O cenário que se desenha é preocupante. Os números são alarmantes e, segundo informações vindas diretamente das usinas, a situação tende a piorar. Vamos acompanhar de perto”, alertou Corrêa durante sua análise.
Após apresentar dados comparativos das últimas 15 safras, o consultor estima uma moagem significativamente abaixo das expectativas do mercado: 580 milhões de toneladas de cana e produção de açúcar de 37,5 milhões de toneladas.
Análise técnica revela déficit
O especialista da Archer Consultoria baseou suas projeções em uma análise detalhada dos números acumulados. Segundo seus cálculos, a moagem acumulada da última quinzena representa a terceira pior dos últimos dez anos, chegando a 206 milhões de toneladas – números bem abaixo da safra anterior e da maioria das safras recentes.
“Isso para mim já acende a luz de alerta, porque eu estou imaginando que as pessoas estão acreditando nesse número de 605 milhões, que é a média das consultorias”, explicou Corrêa.
Se baseando em safras anteriores
Ao analisar o percentual da moagem acumulada em relação ao total da safra, Correa identificou que, nas últimas 10 safras, o acumulado de 6 semanas ficou abaixo de 34% apenas em três ocasiões específicas.
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Considerando a média de 10 anos, a moagem máxima projetada seria de 575 milhões de toneladas. Em outra análise, observando que para atingir 605 milhões de toneladas seria necessário moer 399 milhões de toneladas a partir de agora – fato que ocorreu apenas cinco vezes nas últimas 13 safras -, a projeção máxima seria de 590 milhões de toneladas.
Projeções de açúcar também em baixa
Mesmo considerando cenários mais otimistas, as projeções para a produção de açúcar ficam abaixo das expectativas do mercado. Segundo os cálculos de Corrêa, mesmo com 605 milhões de toneladas de cana (número no qual ele não acredita), a produção máxima seria de 39 milhões de toneladas de açúcar, enquanto o mercado trabalha com 41,5 a 42 milhões de toneladas.
Com suas projeções mais realistas de 581 milhões de toneladas de cana, a produção de açúcar ficaria em 37,5 milhões de toneladas, com ATR médio de 134,26.
Mercado está fantasiando
“Nós não vamos chegar nessa produção de cana que o mercado está falando e muito menos na produção de açúcar que o mercado está fantasiando que vai ser 41,5 milhões”, concluiu o especialista.
Corrêa ressaltou que ainda são necessárias duas quinzenas para ter maior certeza sobre os números, lembrando que após a primeira quinzena de agosto já é possível ter uma correlação mais alta entre os números de produção e o resultado final da safra.
