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APPA ameaça intervir para manter normalidade em Paranaguá

O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Eduardo Requião, definiu para amanhã o prazo final para que os operadores e embarcadores que atuam no Porto de Paranaguá cumpram as pranchas (limites mínimos de carregamento de grãos nos navios) de 1.500 toneladas/hora, podendo chegar a um máximo de 1.800 toneladas/hora. A determinação do dirigente portuário foi anunciada em reunião ocorrida ontem com lideranças dos caminhoneiros.

O superintendente disse ainda que aguarda para até este prazo o cumprimento integral da Ordem de Serviço assinada por ele no final do ano passado, que estipula aos operadores portuários a chamada de número específico de caminhões, conforme a capacidade de armazenagem dos seus silos privados e da chegada de navios nominados para receber a carga.

Antes do prazo definido pela superintendência, as lideranças reunidas no Porto decidiram pela greve. Desde a tarde de ontem, os caminhoneiros bloquearam os portões de entrada e saída do Pátio de Triagem, que encontra-se lotado, com mais de 1.100 caminhões estacionados. Para José Araújo Silva, Presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), o momento é de união em busca de melhores condições para o caminhoneiro e para a movimentação de cargas no Porto. “A reivindicação é de anos e acredito que ninguém será contra um movimento para o bem da categoria e para todo o País. Não queremos mais ficar como indigentes nesta fila”, frisou.

Desde o dia 11 último até ontem, apenas três navios foram programados para embarque de grãos. Deste total, dois eram para carregamento de 54 mil toneladas e outro para complemento de carga, com embarque de 16 mil toneladas. Neste período, foram chamados caminhões em número superior à capacidade de embarque dos navios. O excesso de caminhões e a falta de navios programados, aliado à outros fatores, provocou a extensa fila. De acordo com a APPA, apenas no próximo dia 22 outro navio estará chegando ao Porto para recebimento de mais de 50 mil toneladas de soja.

No final da tarde de ontem, cerca de 3 mil caminhões permaneciam ao longo da BR 277, aguardando para descarregar grãos no Porto. Segundo Requião, esta fila foi criada pela irresponsabilidade dos empresários. “Foi o descumprimento das determinações da administração portuária que gerou o caos verificado na BR 277. Previmos com antecedência a logística da operação toda, mas não obtivemos o apoio necessário para mantermos nosso planejamento de qualidade e eficiência, porque pessoas irresponsáveis estão desafiando o Governo do Paraná, o Porto e a credibilidade de nossas ações. Empresários insistem em quebrar o sistema, em querer controlar o que é do Estado, forçando uma situação negativa”, afirmou o Superintendente da APPA.

Caso as determinações da superintendência não sejam cumpridas até amanhã, a Administração do Porto pretende assumir o controle absoluto da operação portuária, desde a programação de navios, até o recebimento de caminhões e as pranchas de carregamento.

Os líderes da categoria dos caminhoneiros presentes na reunião no Porto demonstraram total apoio às decisões do superintendente da APPA, entre eles, Diumar Bueno, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado do Paraná (Sindicam). “Não somos massa de manobra. Os problemas existem há anos e é brutal a violência que se comete contra os caminhoneiros. O que se paga aos caminhoneiros não paga nem a refeição. Contamos com o respaldo da APPA para uma ação conjunta entre o Porto e nossa categoria”, comentou Bueno. (Fonte: ASSCOM – APPA)