Após anunciar hoje reajustes para o gás natural em setembro e novembro, a Petrobras pode divulgar novos aumentos nos próximos meses. Recentemente, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, afirmou que caso os preços do petróleo se estabilizem no nível atual (acima de US$ 60 o barril no mercado internacional), a companhia deverá reajustar os preços dos combustíveis.
A manutenção dos preços da gasolina e do diesel pela estatal tem sido alvo de críticas do órgão regulador do setor. O diretor-geral-interino da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, já chegou a afirmar que o preço da gasolina no mercado doméstico está defasado em 30% em relação à cotação do petróleo no mercado internacional.
As refinarias privadas também afirmam ser prejudicadas pelos preços praticados pela estatal. Um dos casos mais graves é o de Manguinhos, que paralisou suas atividades porque não tem condições de pagar o preço internacional do petróleo e vender combustíveis ao custo defasado praticado internamente.
Mesmo com a manutenção dos preços dos combustíveis, a Petrobras registrou lucro recorde de R$ 9,9 bilhões no primeiro semestre. Indagado sobre um possível cancelamento do reajuste após resultado tão expressivo, Gabrielli se limitou a afirmar que o balanço compreende o período de janeiro a junho e que agora estamos em agosto.
Segundo a estatal, o resultado recorde foi favorecido pelos reajustes praticados no segundo semestre nos preços médios de derivados no mercado interno, pelas receitas com exportações e pelo reflexo do aumento nas cotações de petróleo no mercado internacional.
A produção nacional de petróleo e gás cresceu 9% no primeiro semestre e atingiu a marca de 2,175 milhões de barris por dia. No segundo trimestre, o aumento foi de 15%, com a produção média de 2,279 milhões de barris por dia.
Essa elevação da produção permitiu à Petrobras se consolidar como exportadora líquida de petróleo e derivados. A empresa registrou no segundo trimestre de 2005 uma exportação líquida de 148 mil barris dia, contra a importação líquida de 100 mil barris diários no mesmo período do ano anterior, gerando um superávit comercial de US$ 900 milhões.