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Após fusão com Shell, Cosan anuncia lucro 32 vezes maior

Depois de anunciar a aliança com a Shell no domingo, ontem a Cosan informou que encerrou o terceiro trimestre fiscal de 2010 com lucro líquido de R$ 167,1 milhões – resultado 32 vezes maior que o montante de R$ 5,2 milhões do mesmo trimestre do ano anterior. O lucro da produtora de açúcar e álcool, segundo relatório do grupo, foi favorecido pelo efeito da inclusão da empresa no Programa de Recuperação Fiscal (Refis).

A receita líquida teve alta de 48,1% na comparação entre períodos, para R$ 3,8 bilhões. O Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), também considerado recorde, foi 44% maior, igualmente por conta do impacto do Refis, chegando a R$ 490,4 milhões, ante R$ 340,4 milhões do mesmo período do ano anterior. No entanto, a margem Ebitda ficou menor em 12,9%, ante 13,3% no terceiro trimestre do ano passado.

Ao aderir ao programa de parcelamento de débitos tributários do governo federal, a empresa teve reduções em passivos tributários contingentes, principalmente relacionados a Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que geraram um benefício no trimestre de R$ 211,6 milhões. O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 78,3 milhões no período – 50,8% menor que as despesas financeiras líquidas do terceiro trimestre do ano passado, de R$ 159,2 milhões, ajudado pelo câmbio.

Em função da alteração do exercício social 2009, que antecipou o seu encerramento para 31 de março de 2009, a Cosan explica em comunicado que o período do terceiro trimestre de 2009 compreende os meses de novembro e dezembro de 2008 e janeiro de 2009, enquanto o terceiro trimestre de 2010 abarca outubro, novembro e dezembro de 2009. A companhia previu que, se o câmbio for mantido em 1,89 real por dólar, espera encerrar o atual ano fiscal, que termina em 31 de março, revertendo prejuízo de 473,8 milhões de reais do ano fiscal de 2009 para l! ucro líquido.

A Cosan também estima aumentar em 20% a 30% o volume de cana moída no atual ano fiscal e uma expansão de 40% a 60% no volume de etanol vendido.

A companhia moeu 14,23 milhões de toneladas de cana no trimestre passado, contra 8,19 milhões de toneladas um ano antes.

“Mesmo com as chuvas que diminuíram os dias para moagem, neste ano, para 70% de aproveitamento da capacidade instalada, o volume de cana processada no acumulado até o final do terceiro trimestre cresceu 18,2% devido à incorporação da NovAmérica”, informa o grupo no balanço.

Aliança com a Shell

Com a joint-venture formada entre Cosan e Shell, os executivos das duas empresas acreditam que será possível alargar os horizontes mundiais dos combustíveis renováveis e transformar o etanol em uma commodity mundial, impulsionando a economia mundial de baixo carbono. “As duas empresas possuem ativos complementares que permitirão o alcance do etanol como combustível global”, disse Ru! bens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan.

Mark Williams, diretor mundial de downstream da Royal Dutch Shell, disse que, com a produção de etanol da Cosan e a cadeia de distribuição e comercialização da Shell, o etanol brasileiro irá aumentar seu acesso a mercados internacionais hoje fechados para o produto. Williams disse que a Shell também irá expandir o alcance tecnológico do etanol por meio de duas empresas que estão entrando na joint-venture: a Iogen e a Codexis. Marcos Lutz, presidente da Cosan S.A., disse que a Cosan entrou com ativos da ordem de US$ 4,925 bilhões e dívida líquida de US 2,524 bilhões. Já a Shell entrou com ativos da ordem de US$ 4,925 bilhões e um aporte de US$ 1,625 bilhão. Se o resultado da receita da joint-venture no primeiro ano for maior que um patamar não revelado, a Shell deverá realizar um aporte extra de US$ 300 milhões. O valor estimado da fusão é de US$ 12 bilhões.

A Cosan deixou de fora da negociação as áreas d! e fabricação e comercialização de lubrificantes, atividades logísticas, propriedades agrícolas e marcas de varejo de alimentos, como Da Barra e União. Não faz parte da associação a atividade de cogeração.

Depois de anunciar lucro 32 vezes maior no trimestre, a Cosan tem nova meta: transformar o etanol em commodity e ampliar o mercado mundial de combustíveis renováveis. Esse é o objetivo da aliança anunciada ontem com a Shell. Com a produção de etanol da Cosan e a cadeia de distribuição da Shell, o etanol brasileiro irá aumentar seu acesso a mercados internacionais hoje fechados para o produto. Na nova empreitada a Cosan entrou com ativos da ordem de US$ 4,925 bilhões e uma dívida líquida de US 2,524 bilhões. Já a Shell entrou com ativos da ordem de US$ 4,925 bilhões e um aporte de US$ 1,625 bilhão. O valor da transação está estimado em US$ 12 bilhões.