Com a nova configuração do parlamento alemão, os investimentos diretos no Brasil devem ultrapassar a previsão de US$ 4 bilhões em 2009, segundo Ingo Plöger, diretor da AHK Câmara de Comércio Brasil-Alemanha. Com isso, a Alemanha passa a ser o segundo país com mais investimentos diretos no Brasil, atrás apenas dos EUA, que tem US$ 6 bilhões.
Segundo Plöger, a reeleição de Angela Merkel, e mais ainda, a nova coalizão com o partido liberal Free Democratic Party (FDP), devem estimular a liberalização da economia do país e o aumento desses investimentos. “Teremos uma política mais acentuada para a redução de impostos, de favorecimento à livre iniciativa e mais contundente com as instituições financeiras”, afirma.
Dentre os empreendimentos que deverão ter investimento, segundo Plöger, está o consórcio para a construção do trem de alta velocidade, que atualmente está em fase de licitação.
A despeito da perda da posição de maior exportador mundial para China em agosto, a Alemanha deve assumir outra postura comercial, segundo Plöger. “A tendência não é a de retomar o primeiro lugar como exportador, mas de investir em comércios bilaterais”, disse.
Plöger acredita que com essa nova configuração, seja possível a retomada do acordo de bitributação entre os dois países, com direcionamento para os agrocombustíveis. O acordo foi firmado em 1975 e cancelado pelo governo alemão em 2005. “Quem mais bloqueou os agrocombustíveis foram os social-democratas. É provável que agora a gente tenha uma retomada (do acordo) para esse setor, o que é muito bom para o Brasil”, afirma.
Etanol
O Partido Verde alemão, que conseguiu o melhor resultado de sua história nas eleições deste ano, é favorável à importação de etanol para ser misturado à gasolina. O aumento de representatividade do partido no parlamento favorece o Brasil, segundo Cláudio Stru! ck, da Fundação Henrich Böll, ligada ao Partido. “A decisão do governo Lula pelo zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar favorece muito o Brasil na exportação de etanol para a Alemanha”, disse. Segundo ele o maior impedimento para a entrada do combustível brasileiro no país é a regulamentação.
Ingo Plöger falou ao DCI durante a transmissão das eleições na Alemanha, no último domingo, no Club Alemão (Transatlântico), em São Paulo. O evento foi acompanhado por representantes de entidades ligadas aos partidos do país.