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Apesar do pré-sal, foco na bioenergia

Especialista diz que investimentos em etanol de segunda geração não estão suficientes

A descoberta das reservas de pré-sal no Brasil não devem servir de pretexto para reduzir o ritmo dos investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias para geração de energia renovável e limpa. A afirmação é do presidente do 1º Congresso Brasileiro sobre Florestas Energéticas, Antônio Francisco Bellote, pesquisador da Embrapa.

– As energias deverão ser capazes de suprir a principal fonte de combustível, que é o petróleo, não renovável e que, possivelmente, se esgotará nas próximas décadas. A melhor solução para esse contexto é investir na produção de biomassa florestal. Trata-se de uma fonte renovável e que tem balanço nulo no efeito estufa quando usada para energia – explica Bellote.

Embora o Brasil venha ocupando papel de destaque no cenário internacional pelo seu potencial na produção de etanol e biodiesel, principalmente, e consolidando sua capacidade de garantir o abastecimento energético, os investimentos ainda estão aquém das necessidades, segundo Bellote.

– Se o país não tivesse interrompido as pesquisas para produção de etanol a partir da madeira, iniciadas em 1982, hoje estaríamos dominando essa tecnologia – acrescenta o pesquisador.

Corrida contra o tempo

Segundo Bellote, esses investimentos se tornam ainda mais relevantes no momento que o país tenta ingressar no mercado mundial de bioenergia de segunda geração. Embora o volume de recursos para o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado tenha evoluído, é inexpressivo se comparado com o desembolso de outros países, como Estados Unidos.

O Programa de Florestas Energéticas da Embrapa, por exemplo, aplicou R$ 2,7 milhões de outubro de 2007 a setembro de 2011.

Na avaliação da pesquisadora da Universidade Federal de Viçosa, Angélica de Cássia Carneiro, o gás natural não é uma ameaça para a bioenergia.

– O custo da bioenergia continua sendo muito mais acessível em relação ao gás natural e ainda temos muito para avançar neste sentido, aperfeiçoando a eficiência das matérias primas e da aplicação desses produtos em energia nos vários processos industriais, tornando-as mais competitivas – afirma.