Mercado

Apesar da idade, Mille, 21, faz 2ª "vítima"

O coração do brasileiro exige desempenho de um carro. As pernas imploram por espaço interno, enquanto os olhos pedem um belo visual. Mas o que a cabeça busca com insistência é preço baixo e economia de combustível.

Com a renda cada vez mais achatada, cresce a força da mente e a chance de a garagem receber um compacto, de preferência que rode com álcool e com gasolina. Até março, o Volkswagen Fox era a única opção de 1.0 flexível. Contudo os modelos de entrada ganharam nova motorização, e o grupo de bicombustíveis já conta com o VW Gol Special, o Fiat Mille e o Chevrolet Celta.

Em março, a Folha e o Instituto Mauá de Tecnologia puseram lado a lado o Gol e o Mille. Nos testes, o “popular” da Fiat andou mais e consumiu menos. A razão do triunfo está no peso. O Gol é 76 quilos mais “gordo”.

Agora é a hora de o Mille enfrentar o Chevrolet Celta, os flexíveis de entrada de suas marcas. Desta vez, a disputa foi suada. As armas do Fiat são o preço e o consumo menores. A força do Chevrolet está no desempenho e no projeto mais novo. Como na categoria de entrada o que vale é dinheiro no bolso, a vitória, novamente, foi para o Mille.

Com um litro de gasolina, o carro mais barato da Fiat roda, na cidade, 1,6 km a mais que o da Chevrolet. Na estrada, a vantagem é 2 km maior. Com álcool, o cenário se repete. No trecho urbano, o Fiat roda 1,2 km a mais que o Celta, mas, no rodoviário, o desempenho é praticamente o mesmo (12,6 km/l e 12,7 km/l).

Lentidão

Porém a alegria do proprietário do Mille acaba quando ele sai do posto. Nas retomadas, o Celta se mostra mais eficiente. Com álcool, leva 13,03s para ir de 60 km/ h a 100 km/h. O Mille pede 15,58s. O Chevrolet é 3,37s mais ligeiro para transformar 80 km/h em 120 km/h e 4,39s para o ponteiro mudar de 60 km/h para 120 km/h.

Com o tanque cheio de gasolina, o proprietário do Celta continua a ter menos esforço ao ultrapassar. O modelo pede 14,08s para ir de 60 km/h a 100 km/h -2,55s a menos que o exigido pelo Mille.

Se nas retomadas o novo motor bicombustível do Celta faz bonito, o mesmo não pode ser dito das acelerações. Embora o desempenho do Mille e do compacto da Chevrolet sejam parecidos quando abastecidos com “cana-de-açúcar”, com o derivado de petróleo o Fiat se sobressai.

Ele é 1,35s mais rápido que o Chevrolet para ir de 0 a 100 km/h e 2,4s mais ligeiro para alcançar 120 km/h. Com gasolina, a vantagem cai para quase um segundo. A diferença de peso é de 40 kg a favor do Fiat, mas o Chevrolet é cinco cavalos mais potente.

É impossível, porém, declarar o vencedor nos testes de frenagem e de ruído. Os dois, a 80 km/h, registram 67 dBA. Nessa mesma velocidade, se o motorista acionar com força o freio, o Mille percorrerá 40 m antes de parar, enquanto o Celta exigirá mais 2,4 m.

A derrocada do Celta chega mesmo na hora de assinar o cheque. Apesar de ter ficado R$ 1.000 mais caro em três meses, o Mille ainda é o carro mais barato do país. A versão Flex sai por R$ 20,4 mil, contra R$ 23,5 mil do Celta. Uma grande diferença para uma mente obcecada por economia.