A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) vai dar sinal verde para que o percentual de biodiesel misturado ao diesel aumente ainda este ano. Atualmente, o diesel vendido no país contém 3% de biocombustível. Essa proporção poderá subir para 4%, caso o governo aprove a sugestão da ANP.
“A disponibilidade de biodiesel existente no mercado nos permite antecipar o B4 [4% de biodiesel]. O ministro [de Minas e Energia, Edison Lobão] quer discutir essa questão”, afirmou o diretor-geral da agência, Haroldo Lima.
Já havia sido autorizado, em julho de 2008, o aumento de 2% para 3% na mistura de biodiesel no diesel, o que provocou uma demanda de 1 bilhão de litros de biodiesel. Caso a mistura de 4% seja autorizada, a demanda anual passará para 1,6 bilhão de litros.
O superintendente de Abastecimento da ANP, Édson Silva, explicou que a capacidade produtiva das 62 usinas de biodiesel do país é de 3 bilhões de litros. Além da demanda atual, existe mais uma pequena parte consumida diretamente por algumas empresas. Ele admitiu que existe uma capacidade ociosa no mercado.
Meta de 5% de biodiesel
A antecipação do B4 deve abrir terreno, de vez, para que o diesel do país tenha 5% de biodiesel antes de 2013, meta inicial estipulada pelo governo.
Édson Silva destacou que a produção de biodiesel permitiu que o país economizasse US$ 1 bilhão com a importação de diesel em 2008. Naquele período, 12,7% do diesel consumido no país foi importado, ante 9,8% em 2007. “Se não fosse a adição de biodiesel, essa dependência teria sido de 15,2%”, observou Silva.
Mamona
Apesar de classificar o programa do biodiesel como “altamente vitorioso”, Haroldo Lima admitiu que alguns pontos do programa precisam ser revistos, como o uso de matérias-primas para a produção de óleo vegetal. Lima explicou que o uso da mamona, voltado para fomentar a agricultura familiar no Nordeste, não foi bem-sucedido.
“O uso da mamona não se revelou muito favorável. A produção de biodiesel está baseada na soja, cujas plantações se concentram no Centro-Oeste. O lado social não foi feito da maneira que imaginávamos”, afirmou Lima, que sugeriu o aproveitamento de outras fontes, como o pinhão-manso. (Cirilo Junior)