O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Sebastião do Rego Barros, manteve o leilão marcado para hoje e amanhã. A decisão foi tomada após liminar concedida pelo ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Advocacia Geral da União (AGU) já recorreu.
Em entrevista no programa Conta Corrente, da GloboNews, o diretor geral da ANP admitiu que ainda não estava claro, para a agência, se os lances feitos pelas empresas ficarão sub judice. “Isso não está muito seguro e nem muito certo. Pela leitura que fizemos, até a assinatura do contrato haverá tempo para dirimir dúvidas”, explicou o diretor-geral.
Ele frisou ainda que achava “muito pouco provável que uma lei aprovada pelo Congresso, sob cujo chapéu já se fizeram tantos negócios e parcerias”, de repente não tivesse mais valor. “Não sei qual seria o alcance disso”, disse.
As 24 empresas inscritas para a licitação já vinham manifestando preocupação com a iniciativa do governador Roberto Requião. Para o advogado Alexandre Santos de Aragão, a liminar do STF “desestrutura o marco regulatório do setor” e por isso, caso o leilão seja realizado hoje as empresas não saberão o que será leiloado.
“De acordo com as informações divulgadas no site do Supremo, foram liminarmente considerados inconstitucionais alguns dos dispositivos da Lei do Petróleo que constituem a base estrutural do marco regulatório do setor desde 1997, como a propriedade do petróleo extraído pelo concessionário e as formas de extinção e de prorrogação das concessões.
Como muitas das cláusulas das concessões que serão licitadas são meras decorrências desses dispositivos considerados inconstitucionais, podemos afirmar que estamos diante de um sério vácuo normativo no setor”, disse o advogado.
Antes de saber da decisão, o superintendente de definição de blocos da ANP, Milton Franke, disse que a agência estava tranqüila quanto ao assunto e tentava transmitir o mesmo para as empresas habilitadas.
“A avaliação da Procuradoria da ANP sobre essa Adin nos deixou tranqüilos. Trata-se de um movimento político dentro de um país democrático e a avaliação da ANP é de que a Justiça irá decidir o que for melhor para o país”.
A Sexta Rodada não contará com a participação de algumas gigantes do setor. Entre as que ficaram de fora estão a ExxonMobil, a ChevronTexaco, a BP Amoco e o grupo Eni Spa, da Italia.
O diretor de exploração e produção da ChevronTexaco, Pedro Duarte Paulo, disse que a decisão da direção da companhia foi de não participar dessa rodada devido ao grande volume de investimentos que terão que ser feitos no país.