A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Ministério Público Federal se reunirão na quinta-feira para definir as ações que serão tomadas para combater os fraudadores de combustíveis que misturam metanol ao etanol vendido nas bombas dos postos de combustível.
Até o momento, a ANP já interditou três postos e duas distribuidoras em São Paulo e outros três postos no Rio de Janeiro, onde foram encontradas amostras de metanol misturadas ao etanol, em proporções que chegaram a atingir 97%.
Allan Kardec, diretor da agência, explicou que a área de inteligência da ANP está trabalhando para identificar em que fase da cadeia produtiva está acontecendo a fraude.
Kardec disse que a mistura ilegal pode estar sendo feita na produção, nas distribuição ou nas revendas, mas evitou dar um prazo para o mapeamento completo d! a fraude.
“Não acredito que (a fraude) esteja disseminada no mercado”, ressaltou Kardec. “A inteligência da ANP trabalha arduamente e, no âmbito da agência, quando encontramos a fraude, iniciamos um processo administrativo e cancelamos as licenças”, acrescentou.
O diretor explicou que ainda está em estudo a forma de tornar mais fácil a identificação do metanol, já que as características são muito semelhantes às do álcool da cana.
Segundo ele, as alternativas são colorir o metanol – que é utilizado na petroquímica, em solventes e na fabricação de biodiesel – ou marcá-lo com um produto químico.
“Talvez a marcação seja mais eficiente”, disse Kardec, lembrando que a investigação começou este ano, em São Paulo, depois de uma denúncia anônima, na qual 45 postos cederam 55 amostras, das quais 10, de três postos, acusaram a existência do metanol. “Aí a luz amarela acendeu”, frisou o diretor.
Ao usar o metanol, os fraudadores conseguem colocar no merc! ado um produto que tem custo de R$ 0,63 por litro, enquanto o etanol sai a cerca de R$ 1,10 das usinas. Como este tipo de fraude é nova, Kardec explicou que apenas um tipo de teste, a cromatografia, detecta o problema.
O metanol já foi permitido como combustível no Brasil, durante um período em 1989, quando a importação foi autorizada devido à falta do etanol. Nos Estados Unidos, já serviu como combustível da Fórmula Indy.
Ao entrar em combustão, produz uma chama invisível e pode levar à morte se ingerido em quantidades superiores a duas colheres de sopa ou causar cegueira caso entre em contato com os olhos.