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Amorim diz que não houve assuntos tensos na reunião entre Lula e Bush

O ministro das relações Exteriores, Celso Amorim, negou nesta segunda-feira que alguns assuntos tenham sido motivo de tensão no encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George Bush, no último sábado, em Camp David, Estados Unidos.

Segundo Amorim, os dois presidentes sequer abordaram assuntos polêmicos, como a situação do Irã e a atuação da Petrobrás na região.

– Por uma estratégia de buscar enfatizar o positivo, este tema, onde havia uma diferença, não foi abordado e, muito menos, objeto de qualquer tipo de pressão com relação a nós – afirmou.

Para Amorim, foi uma visita muito substantiva de trabalho.

– Foi, sem dúvida alguma, uma das visitas mais importantes entre chefes de estado, envolvendo um chefe de estado brasileiro, que já pude testemunha – disse o ministro a jornalistas.

O encontro de Lula e Bush, na casa de campo do presidente norte-americano, durou quase seis horas. Amorim afirmou que nem mesmo a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) gerou tensão entre os mandatários. Em entrevista coletiva após a reunião, nos Estados Unidos, Lula afirmou que este é o tema em que há maiores divergências entre os dois países. Apesar disso, em declaração conjunta divulgada sábado, Lula e Bush reafirmaram a importância da reforma da ONU e comprometeram-se a manter estreita coordenação sobre a reforma do Conselho de Segurança.

– Houve uma determinação de buscarmos uma convergência – revelou Amorim – o tema será tratado por ele e pela secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.

Na avaliação de Amorim, a declaração conjunta dos dois presidentes mostra o aprofundamento do diálogo estratégico entre Brasil e Estados Unidos. O ministro destaca os avanços na chamada cooperação trilateral, envolvendo Brasil, Estados Unidos e terceiros países. Brasil e Estados Unidos definiram quatro países para realização de projetos -piloto na produção de biocombustíveis: Haiti, República Dominicana, São Cristóvão e Nevis e El Salvador.

Também comprometeram-se a atuar em conjunto para o fortalecimento do Poder Legislativo de Guiné-Bissau – Memorando de Cooperação neste sentido foi assinado em 30 de março. Lula e Bush anunciaram, ainda, compromisso de cooperar para a erradicação da malária em São Tomé e Príncipe e no combate à malária, à tuberculose e outras doenças em países africanos de língua portuguesa, como Angola e Moçambique. Além disso, propuseram-se a enfrentar a ameaça da gripe aviária, tendo como base a experiência de cooperação no combate à aids em Moçambique e em Angola.

Outro tema mencionado na declaração conjunta foi o aprofundamento da cooperação multilateral no Haiti, de forma a apoiar a estabilidade e o desenvolvimento econômico do país. No âmbito nas relações bilaterais, Lula e Bush comprometeram-se a redobrar os esforços em andamento para a conclusão de um acordo sobre a dupla tributação. A expectativa é de que o acordo sobre intercâmbio de informações relativas a tributos – assinado no dia 20 de março, em Brasília – seja o primeiro passo para a cooperação entre a Secretaria da Receita Federal e o Internal Revenue Service.