Mercado

Americana Ceres desenvolve sorgo para usinas brasileiras

A empresa norte-americana Ceres – que desenvolve sementes e cultivares voltadas para bioenergia – está chegando ao Brasil de olho no setor sucroenergético. A empresa acaba de abrir uma filial brasileira, a Ceres Sementes do Brasil, para comercializar híbridos do sorgo doce, planta forrageira que também pode ser utilizada na produção de etanol e na cogeração de energia pelas usinas brasileiras. Apesar do Brasil possuir a matéria-prima mais barata do mundo para produzir etanol, a cana-de-açúcar, o presidente interino da Ceres Sementes do Brasil, Paul Kuc, afirma que o objetivo é fazer do sorgo doce um complemento para a safra de cana, permitindo que as usinas produzam etanol a partir do sorgo no período de entressafra.

“Ao contrário da cana, que demora perto de um ano para ficar pronta para a colheita, o sorgo pode ser colhido após três meses de plantio. E pode ser plantado na área onde a cana foi colhida”, explica Kuc. Segundo ele, com o sorgo, é possível estender o período produtivo da usina em três a quatro meses. Além de complementar a safra de cana, o sorgo pode servir como matéria-prima rápida em caso de expansão de capacidade instalada de usinas de etanol. Kuc disse também que o custo de produção do sorgo doce pode ser tão barato quanto ao da cana, considerando que ele vai suprir uma indústria que de outra forma estaria subutilizada. O executivo afirma que existem várias usinas interessadas e algumas trabalhando com a empresa no teste dos cultivares. “Estamos testando o sorgo no Brasil antes de colocá-lo à disposição do mercado. Se necessário, iremos fazer alguns ajustes”, disse. Segundo ele, os testes estão sendo realizados no Centro-Sul e no Nordeste. “No Nordeste, por exemplo, estamos usando variedades mais adaptadas e resistentes a uma menor disponibilidade de água”, disse. Segundo ele, a Ceres também testa no Brasil variedades do sorgo que possuem maior quantidade de fibras, para ser utilizado na cogeração de energia ou na produção de etanol celulósico. Kuc disse também que a Ceres está trabalhando com universidades e entidades governamentais na adaptação das cultivares. A expectativa da empresa é de que os primeiros cultivares do sorgo doce sejam comercializados a partir de 2011 se não existirem muitas adaptações para serem realizadas. “O sorgo doce será o primeiro produto da Ceres a ser vendido no país”, afirma ele. A norte-americana Ceres desenvolve cultivares há 13 anos e há cerca de três anos vem se dedicando ao desenvolvimento de sementes e plantas voltadas para a produção de etanol.